Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2019
O presidente da Nissan, Hiroto Saikawa, sucessor do brasileiro Carlos Ghosn, renunciou na segunda-feira (9), após reunião do Conselho de Administração da montadora japonesa. O executivo deixará a presidência da empresa no próximo dia 16 e deverá ser substituído em caráter emergencial pelo atual diretor de operações do grupo, Yasuhiro Yamauchi, informou a companhia. As informações são do jornal O Globo.
O Conselho da montadora se reuniu na segunda-feira para definir um cronograma formal para a substituição de Saikawa, que foi escolhido a dedo para substituir o brasileiro Carlos Ghosn . O comitê de nomeação da montadora já foi mobilizado e planeja nomear um sucessor para Saikawa ”antes do fim de outubro”. Especula-se que a busca vá se concentrar em candidatos japoneses.
“Saikawa recentemente indicou sua inclinação a renunciar e, de acordo com seu desejo de passar o bastão para uma nova geração de líderes da Nissan, ele renunciará em 16 de setembro”, disse Yasushi Kimura, presidente do Conselho da Nissan aos jornalistas.
A montadora japonesa se viu envolvida em novo escândalo na semana passada, depois que Saikawa admitiu ter recebido pagamentos a mais em seus bônus salariais, violando as regras de compliance da empresa, e sob um esquema elaborado por Ghosn, que foi demitido e preso por má conduta financeira no fim do ano passado. Ghosn aguarda julgamento na capital japonesa.
Uma investigação interna descobriu que Saikawa e outros altos executivos receberam compensações indevidas, revelou à Reuters uma fonte a par do assunto. A revelação levantou dúvidas sobre a promessa de Saikawa de melhorar a governança da montadora após a saída de Ghosn.
Saikara se desculpou e se comprometeu a devolver o dinheiro recebido indevidamente, após reconhecer que de fato o recebera “num esquema da era Ghosn”.
Os pagamentos, da ordem de dezenas de milhões de ienes, foram revelados numa reunião da comissão de auditoria da Nissan, segundo a fonte, que pediu anonimato porque as informações não são públicas. Parte do dinheiro teria se originado de um esquema de direito de valorização de ações (SAR, na sigla em inglês), ligado a bônus para executivos.
De acordo com o Financial Times, na reunião anual de acionistas da Nissan, em junho, Saikawa só conseguiu se reeleger após receber apoio da Renault, parceira da aliança da Nissan. Antes dessa reunião, duas grandes consultorias, Institutional Shareholder Services e Glass Lewis, não recomendaram a permanência do executivo no comando, alegando que por ter trabalhado muitos anos ao lado de Ghosn e ser considerado um de seus principais aliados, não poderia ser completamente desconectado das supostas irregularidades cometidas pelo ex-presidente.