Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2018
O Tribunal do Estado do Vaticano tornou réu o padre Carlo Alberto Capella, ex-funcionário da Nunciatura Apostólica (espécie de embaixada da Igreja Católica) em Washington, nos Estados Unidos. Ele é acusado de posse e difusão de materiais com pornografia infantil.
Capella, detido no Vaticano desde o dia 7 de abril, teria cometido os crimes durante uma visita a Windsor, no Canadá. O sacerdote e seu advogado foram notificados nesse sábado e o processo deve começar no dia 22.
De acordo com a acusação, o religioso possuía e divulgava grandes quantidades de material com esse tipo de conteúdo. Ele já era alvo de um mandado de prisão do Canadá, mas o Vaticano preferiu não extraditá-lo.
Se for condenado, Capella, ex-integrante do alto escalão diplomático da Igreja, poderá receber uma sentença de um a cinco anos de prisão, além de uma multa de até 50 mil euros. O papa Francisco aprovou, em 2013, uma nova legislação sobre abuso sexual de menores e pornografia que envolve penas de até 12 anos de cadeia.
No dia 21 de agosto do ano passado, o Departamento de Estado norte-americano havia alertado o Vaticano, em caráter reservado, sobre uma possível violação das leis sobre imagens de pornografia infantil por um membro de seu corpo diplomático em Washington.
As informações fornecidas pelos Estados Unidos foram transmitidas ao promotor do tribunal do Vaticano, que ordenou a abertura de uma investigação e pediu a colaboração internacional para obter informações sobre o caso.
No processo, é mencionado que no final de dezembro de 2016 o padre teria baixado na internet material pornográfico infantil, de dentro de uma igreja na cidade de Windsor, em Ontário (Canadá).
Austrália
No início deste mês, a Igreja Católica da Austrália aderiu a um plano do governo para indenizar em até 150 mil dólares australianos (cerca de R$ 440 mil, segundo a cotação atual) por pessoa as vítimas de pedofilia no país.
O plano é promovido pelo governo federal e foi aprovado pela Câmara dos Deputados do país. Além da Igreja, a iniciativa já recebeu a adesão da arquidiocese anglicana de Melbourne, do Exército da Salvação e dos escoteiros.
A comissão nacional de inquérito sobre pedofilia estabeleceu que 7% dos padres de escolas católicas foram acusados de abusos contra menores desde 1950. Em algumas dioceses, no entanto, esse número chega a 15%.
“Os sobreviventes têm direito à Justiça e à cura, e muitos deles vieram a público corajosamente para contar suas histórias”, declarou o arcebispo Mark Coleridge, presidente da Conferência Episcopal da Austrália.
A decisão da Igreja chega no momento em que um de seus principais membros, o cardeal George Pell, é réu na Austrália por pedofilia. Prefeito licenciado da Secretaria de Economia do Vaticano, ele é acusado por casos ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990.
Recentemente, o jornal da Arquidiocese de Sydney publicou anúncios pedindo doações para ajudar a pagar as despesas jurídicas de Pell.