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Por Redação O Sul | 12 de junho de 2018
O Vaticano esclareceu nesta terça-feira (12) que o papa Francisco não tem relação com o advogado argentino Juan Grabois, que tentou visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR). Grabois, fundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, tentou falar com o petista na segunda-feira (11), mas não foi autorizado pela PF.
Vários veículos de imprensa e redes sociais do PT haviam dito que Grabois era um representante do papa Francisco que entregaria um terço a Lula em nome do pontífice. Mas, de acordo com uma nota publicada pelo site Vatican News, Grabois fez a visita a “título pessoal”, e o terço não foi enviado pelo papa, apenas “abençoado”.
“Em mérito às notícias circuladas sobre o suposto envio de um Terço pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula, esclarecemos que o advogado argentino Juan Grabois tentou fazer uma visita – a título PESSOAL – ao ex-presidente, tendo após a tentativa infrutífera, concedido uma entrevista diante do prédio da Polícia Federal em Curitiba. Na entrevista – e nos ativemos a ela –, EM NENHUM MOMENTO Grabois afirmou que o Terço foi enviado pelo Santo Padre, mas apenas “ABENÇOADO” pelo Papa”, afirmou a nota.
Na sua página oficial, o Instituto Lula descreveu Grabois como “emissário do papa Francisco para assuntos de Justiça e Paz” e disse que ele pretendia levar ao ex-presidente um terço mandado pelo próprio pontífice. Segundo a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), o Vatican News representa a comunicação da Santa Sé. A CNBB, por sua vez, também disse desconhecer o envio do terço pelo papa ao ex-presidente.
Preso desde 7 de abril, Lula pode receber visitas para ajuda espiritual toda segunda-feira, mas o advogado argentino foi barrado pela PF por não ter função religiosa. O Pontifício Conselho Justiça e Paz, do qual o advogado fazia parte, foi extinto em 2017 pelo Vaticano.
Defesa
A defesa de Lula questiona no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça) os ritmos distintos com que o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª região) apreciou as acusações contra o líder petista e os recursos contra a sentença.
Ao todo, o TRF-4 levou 42 dias para apreciar a condenação proferida pelo juiz federal Sérgio Moro contra Lula – o relator do processo precisou de 36 dias para analisar o texto, e o parecerista levou seis dias para concluir a sua revisão.
Já os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente Lula contra a condenação levaram também 42 dias apenas para aparecerem no sistema eletrônico do Ministério Público. Não há previsão para quando eles serão julgados no tribunal. Até lá, o ex-presidente seguirá preso em Curitiba. Para os advogados, “a diferença de tratamento aponta para a seletividade dos juízes e para a sanha condenatória contra Lula, em uma suposta tentativa de afastá-lo das eleições de outubro”.