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Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2015
O Grupo Odebrecht foi condenado a pagar 50 milhões de reais de indenização por danos morais coletivos por reduzir trabalhadores a condições análogas à de escravos na construção de uma usina de cana-de-açúcar em Angola. Segundo o Ministério Público do Trabalho, a decisão representa a maior condenação por trabalho escravo da história da Justiça brasileira.
Além do pagamento, a sentença proferida pelo juiz Carlos Alberto Frigieri, da 2 Vara do Trabalho de Araraquara, em São Paulo, determina a cobrança de multas diárias de até 200 mil reais caso a empresa submeta trabalhadores a situações precárias ou contribua com o aliciamento internacional de funcionários, entre outras ações. A assessoria de imprensa do grupo, que negou as acusações, afirmou que a empresa recorrerá da decisão e que está confiante na reforma da sentença.
Histórico
As denúncias dos trabalhadores foram mostradas pelo jornal da EPTV em junho de 2014. “Era tipo uma cadeia, você não podia sair. Se entregasse o passaporte, você era obrigado a ficar lá. Não tinha como ir embora. Eu só consegui sair de lá escondido”, contou na época o soldador Celso Ferreira. “Você não tem vida. Eram 12 horas de trabalho por dia. Para falar com a família você tinha cinco minutos na quarta-feira e tinha que pegar uma fila de 120 metros. A gente vai com o intuito de dar o melhor para a família, de conquistar alguma coisa e chega lá e se depara com uma situação sub-humana”, completou.
Na ocasião, vídeos e fotos feitos pelos trabalhadores mostraram que a água fornecida nos bebedouros saía verde, que todos tinham que compartilhar dois copos de alumínio e que ratos e moscas eram comuns dentro do refeitório. (AG)