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Brasil “Odebrecht é o maior caso de corrupção de que temos registro”, disse a diretora da Transparência Venezuela

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Mercedes de Freitas adverte que é preciso investigar os vínculos com o crime organizado e seu impacto na região. (Foto: Divulgação/Transparência Venezuela)

“O que aconteceu com a Odebrecht foi o maior caso de corrupção de que temos registro”, afirmou Mercedes de Freitas, diretora-executiva da Transparência Venezuela, organização fundada em 2004 como o braço venezuelano da Transparência Internacional.

Ela disse em entrevista ao jornal O Globo que apesar da quantidade de países envolvidos e políticos apontados, o complexo sistema permite entrever que ainda não se descobriu, nem de longe, o que realmente ele representa: “E não falo apenas pela Venezuela, onde não se investigou nada depois da saída da procuradora Luisa Ortega Díaz e sua equipe, mas por toda a América Latina onde ainda muito a ser esclarecido”.

1- Em que países as investigações sobre a Odebrecht mais avançaram?
O país que mais avançou depois do Brasil foi o Peru. Há investigações por lavagem de dinheiro contra três ex-presidentes: Alejandro Toledo, Pedro Pablo Kuczynski e Ollanta Humala. Também estão investigando o ex-presidente Alan García e a ex-candidata presidencial Keiko Fujimori. Hoje há um presidente não eleito, Martín Vizcarra, que assumiu o cargo pela saída de Kuczynski.

2- Qual o país mais atrasado?
Venezuela é o que está mais atrasado, porque não há nada aberto e ninguém sabe nada disso. Na Venezuela [o caso] está fechado e na República Dominicana não terminam de abri-lo. O que é terrível é que o caso serve para ver em que países há sistemas de administração de justiça independentes e autônomos, que se preocupam com o impacto da corrupção, e em que países não há.

3- Por que o Estado venezuelano não faz investigações?
Obviamente que quando a Justiça fica calada em um caso desta magnitude é porque o poder está envolvido e não quer que se investigue. Nós citamos no Informe Corrupção 2017 uma longa lista de pessoas que tiveram responsabilidade na assinatura dos contratos com a empresa. A pouca informação que de vez em quando vem à luz nos indica que os procuradores que ficaram a cargo da investigação não fizeram seu trabalho e se o fazem é algo absolutamente secreto, porque ninguém sabe nada.

4- Há alguma opção para que se possa desmascarar essa trama de corrupção?
O que nós dizemos é que esses casos têm impacto internacional, e a informação vai surgir não necessariamente porque na Venezuela se investigue, mas pelas investigações que se fazem em outros países, precisamente porque todo o dinheiro se movia através de redes internacionais. O que aconteceu com a Odebrecht tem que ser analisado como um caso de crime organizado, e essa é a possibilidade de ter a justiça transnacional atuando nestes casos.

5- As cifras de pagamentos milionários que se divulgaram mostram a magnitude do desfalque na Venezuela?
Para nós é muito óbvio que Marcelo Odebrecht mentiu na Corte de Nova York porque os números não encaixam. Em todos os lugares pagavam o mínimo de 3% de suborno sobre o montante das obras, o que dá para que a cifra seja muitíssimo maior que os US$ 98 milhões que declarou. Mas à margem dos subornos, que são gravíssimos, é preciso alertar que se perdeu dinheiro que necessitávamos para saúde, educação, transporte, e além disso não temos essas obras. O drama do metrô de Caracas é óbvio, o transporte é péssimo e muito pior no interior do país, se viaja em veículos como animais e o Estado nem se preocupa com isso.

6- Há melhoria na região na luta contra a corrupção?
Os países têm melhorado lentamente, porque incorporaram planos de governo aberto, alguns criaram órgãos de transparência e luta contra a corrupção, e foram aprovadas leis de acesso à informação. A Venezuela, ao contrário, não só não avança, mas o retrocesso tem sido brutal. Estamos no último lugar da América há muito tempo e estamos entre os últimos 10 do mundo, junto a países que não têm a mínima estrutura, como Somália e Coreia do Norte. Não vemos nenhum esforço por parte de nenhuma instância do Estado venezuelano, salvo a Assembleia Nacional, para proteger o público, eliminar o monopólio do poder e formalizar sistemas de autonomia da Justiça.

7- O que a Transparência Venezuela espera dos países do continente?
Esperamos que as procuradorias e os tribunais da América considerem os casos de corrupção na Venezuela e o impacto que também têm em seus Estados. Esperamos que publiquem informação que aponte os corruptos e que utilizem a Justiça internacional para castigar os delitos.

8- E da Venezuela?
Desejamos que as pessoas tomem consciência do impacto da corrupção, que é a causa da crise, de que não haja medicamentos nem alimentos, de que a insegurança esteja nos matando e que é preciso fazer tudo para que isso acabe o mais rápido possível.

 

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