Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2017
A onda de protestos que se espalha pela Venezuela desde o início do mês já custou as vidas de oito pessoas e mais de 500 prisões. Na quarta-feira, os manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do país, inclusive Caracas, na chamada “mãe de todas as marchas” — a maior desde os protestos de 2014. Os atos começaram no início do mês, após a fracassada tentativa do Judiciário de intervir na Assembleia Nacional, dominada pela oposição.
Durante a marcha, um adolescente de 17 anos e uma jovem de 23 foram mortos por homens mascarados em motocicletas, segundo a Procuradoria venezuelana. Um agente da Guarda Nacional também foi morto a tiros na periferia de Caracas, elevando para oito o número de mortos desde o início do mês. Os manifestantes cobram, além da independência dos poderes institucionais, a libertação de presos políticos e a realização de eleições.
Em um quadro de extrema penúria, marcada por desestruturação política e econômica, que ganha contornos de desastre humanitário, a popularidade de Nicolás Maduro vem derretendo à mesma proporção de sua intransigência em buscar uma solução negociada. Entrincheirado, o governo, em vez disso, vem armando suas milícias para atuarem contra uma “tentativa de golpe”, patrocinada pela “direita apátrida”, com apoio do governo dos EUA.
Enquanto isso, a população sobrevive precariamente num ambiente de hiperinflação, escassez de produtos de primeira necessidade, inclusive alimentos e remédios, racionamentos de energia e água, e índices alarmantes de violência urbana. Quadro que gerou um grande fluxo de refugiados que se deslocam pela fronteira para o Brasil e a Colômbia. Preocupada com a crise venezuelana, a Anistia Internacional alertou que o impasse empurra o país para uma “crise de difícil retorno, que ameaça a vida e a segurança da população”, segundo comunicado.