Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2017
A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou nesta quinta-feira (21), por uma ampla maioria, uma resolução condenando o reconhecimento por Washington de Jerusalém como a capital de Israel. Dos 193 países membros, 128 votaram a favor dessa resolução e 9 contra, enquanto 35 países decidiram se abster.
Países contra a resolução da ONU:
Guatemala; Honduras; Ilhas Marshall; Micronésia; Nauru; Palau; Togo; Estados Unidos; Israel.
O presidente americano, Donald Trump, prometeu acompanhar os posicionamentos dos membros de perto. Na quarta-feira (20), ele ameaçou cortar a ajuda financeira aos países que votassem a favor do projeto de resolução. Além do reconhecimento da cidade como capital, os EUA também declararam que devem transferir a embaixada em Israel para a cidade de Jerusalém.
“Eles tomam centenas de milhões de dólares e até bilhões de dólares, e depois eles votam contra nós. Bem, nós estamos observando esses votos. Deixe-os votar contra nós. Nós vamos economizar muito. Nós não nos importamos”, disse Trump a repórteres na Casa Branca.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, comemorou a decisão majoritária dos países membros da ONU.
“Esta decisão reafirma que a justa causa dos palestinos tem o apoio internacional (…) Vamos prosseguir com os nossos esforços na ONU e em outros fóruns internacionais para acabar com a ocupação (israelense) e criar um Estado palestino tendo Jerusalém Oriental como capital”.
Movimento polêmico dos EUA
O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada dos EUA em Israel para a cidade são movimentos delicados e que causam muita polêmica no cenário internacional.
Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capital de seu futuro Estado.
Apesar de apelos por parte de líderes árabes e europeus, e de advertências que a decisão poderia desencadear uma onda de protestos e violência, Trump declarou que adota agora uma nova abordagem, considerando que mesmo com a postura anterior dos EUA, a paz na região até hoje não foi atingida.
Atualmente, a maioria dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv, justamente pela falta de consenso na comunidade internacional sobre o status de Jerusalém. A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até o anúncio desta quarta, é a de que o status de Jerusalém deve ser decidido em negociações de paz.
No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomático de Jerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas negociações de paz.
Histórico
O plano da ONU em 1947 previa a partição da então Palestina em três entidades: um Estado judeu, um Estado árabe e Jerusalém, formando um “corpus separatum” sob regime internacional especial administrado pelas Nações Unidas. O plano foi aceito pelos dirigentes sionistas, mas rejeitado pelos líderes árabes.
Na esteira da saída dos britânicos da região e da primeira guerra árabe-israelense, o Estado de Israel é criado em 1948, e tem Jerusalém Ocidental instituída como capital, com a parte leste da cidade ainda sob controle da Jordânia.
Israel toma conta de Jerusalém Oriental ao longo da guerra dos Seis Dias, em 1967, anexando o território. Em 1980, uma lei fundamental israelense confirma o status de Jerusalém como capital “eterna e indivisível” de Israel.
Interlocutora da comunidade internacional e de Israel, a Autoridade Palestina reivindica Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino independente. Já o Hamas, que não reconhece Israel, evoca toda a cidade de Jerusalém como a capital de um futuro Estado da Palestina.