Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2016
A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta segunda-feira (05), uma operação que investiga desvios nos quatro maiores fundos de pensão do País. Foram cumpridos 106 mandados de busca e apreensão, 34 mandados de condução coercitiva e sete mandados de prisão temporária. Os alvos são 74 pessoas físicas e 38 jurídicas no Rio Grande do Sul, em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Amazonas e Distrito Federal.
Em Porto Alegre, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva. Os focos da Operação Greenfield são a Funcef (fundo de pensão de funcionários da Caixa), a Petros (de trabalhadores da Petrobras), a Previ (de funcionários Banco do Brasil) e o Postalis (de trabalhadores dos Correios). Os desvios são estimados em pelo menos R$ 8 bilhões.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, holding que é proprietária de uma das maiores empresas de processamento de proteína animal da mundo, a JBS, foram alvos de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também foi alvo de mandado de busca e apreensão.
A ação da PF contou com o auxílio do Ministério Público Federal, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar e da Comissão de Valores Mobiliários. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília. “A decisão judicial ainda determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que são alvos da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões”, informou a Polícia Federal.
De acordo com a corporação, as investigações foram motivadas após a revelação da causa de déficits bilionários nesses fundos. “De dez casos, oito são relacionados a investimentos realizados de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs [Fundos de Investimentos em Participações]”, disse a polícia.
Os investigadores observaram a configuração de núcleos criminosos: o empresarial, o dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos fundos de investimentos em participações.
De acordo com a PF, os investigados podem ser indiciados por gestão temerária ou fraudulenta. Também podem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Ao todo, participam da operação cerca de 560 policiais federais, 12 inspetores da CVM, quatro procuradores federais da CVM, oito auditores da Previc e sete procuradores da República.
Greenfield
O nome da operação faz alusão a investimentos que envolvem projetos incipientes (iniciantes, em construção), ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios. No sistema financeiro, o contrário de investimentos Greenfield é o Brownfield. Nesse tipo, os recursos são aportados em um empreendimento/empresa já em operação. (AG)