Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2017
O líder opositor venezuelano Leopoldo López retornou na noite deste sábado (05) à prisão domiciliar em Caracas, segundo informou a mulher dele, Lilian Tintori. López e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, haviam sido detidos na madrugada da última terça-feira, 1º, por agentes do Serviço de Inteligência (Sebin) do país. “Acabam de trazer Leopoldo para casa. Seguimos com mais convicção e firmeza para alcançar a paz e a liberdade da Venezuela!”, disse Lilian, em sua conta no Twitter.
Ledezma já havia sido levado de volta para casa na madrugada desta sexta-feira (04), conforme sua mulher, Mitzy Capriles. O governo chavista alegou ter levado os dois opositores para a cadeia por suposto risco de fuga.
Mitzy chegou a denunciar no Twitter que não pôde ver o marido ao tentar visitar a prisão militar de Ramo Verde, onde supostamente estava detido. Ela também disse que os agentes do governo não aceitaram que ela deixasse comida e roupas de cama para Ledezma.
Suspensão
Suspensa do exercício de membro do Mercosul desde dezembro por descumprir obrigações com as quais se comprometeu em 2012, a Venezuela agora recebeu uma nova sanção por “ruptura da ordem democrática”. A decisão foi aprovada por unanimidade e anunciada neste sábado, após uma reunião em São Paulo, da qual participaram representantes do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, os quatro países fundadores do bloco.
Mesmo que passe a cumprir todos os acordos, a Venezuela não será reintegrada ao grupo até que “seja restaurada a ordem democrática”, afirmou o documento da reunião. “Desde que o governo venezuelano enveredou por um caminho que o levou a se afastar cada vez mais da democracia, nossos países, em diversas instâncias, manifestaram preocupação”, afirmou o chanceler brasileiro Aloysio Nunes.
A decisão foi baseada na cláusula democrática, presente no Protocolo de Ushuaia, assinado em 1996 pelo bloco, e que afirma que os países do bloco devem respeitar a democracia para fazer parte. A medida coloca o governo de Nicolás Maduro em uma situação ainda mais isolada em relação aos seus pares latino-americanos. O comunicado não prevê sanções comerciais, mas cada país pode decidir por retaliações conforme seus acordos bilaterais.
“Não importa o que se perda de comércio. O que estamos a dizer aqui é: você não pode matar seu povo, não pode cassar direito”, afirmou o chanceler argentino Jorge Faurie.
Situação na Venezuela
A crise venezuelana entrou em uma nova etapa com a instalação na sexta-feira da Assembleia Constituinte que vai reescrever a Constituição. O governo afirma que trará paz ao país, mas a oposição, que não lançou candidatos, denuncia que ela foi convocada para perpetuar Maduro no poder.
A posse dos constituintes, todos chavistas, ocorre após quatro meses de protestos opositores, que já deixaram mais de 100 mortos. Durante os protestos, multiplicaram-se as denúncias de violações dos direitos humanos por parte das forças de ordem, acusadas pelos opositores de exercer uma “forte repressão”.
O confronto entre poderes é constante desde janeiro de 2016, quando a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) assumiu o controle do Legislativo após 17 anos de hegemonia chavista. A Venezuela tem sua economia devastada desde 2014 por conta da queda dos preços do petróleo.
O país, que obtém 96% de suas divisas com a exportação da commodity, encadeia três anos de forte contração (9,7% em 2016, segundo a Cepal). A Venezuela reduziu drasticamente as importações, gerando uma severa escassez de alimentos e medicamentos. (AG)