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Geral Os algoritmos das redes sociais promovem o preconceito e a desigualdade, disse uma matemática da Universidade de Harvard

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Para Cathy O'Neil, por trás da aparente imparcialidade ddos algoritmos escondem-se critérios nebulosos que agravam injustiças. (Foto: Reprodução)

Eles estão por toda parte. Nos formulários que preenchemos para vagas de emprego. Nas análises de risco a que somos submetidos em contratos com bancos e seguradoras. Nos serviços que solicitamos pelos nossos smartphones. Nas propagandas e nas notícias personalizadas que abarrotam nossas redes sociais. E estão aprofundando o fosso da desigualdade social e colocando em risco as democracias.

Definitivamente, não é com entusiasmo que a americana Cathy O’Neil enxerga a revolução dos algoritmos, sistemas capazes de organizar uma quantidade cada vez mais impressionante de informações disponíveis na internet, o chamado Big Data.

Matemática com formação em Harvard e MIT (Massachussetts Institute of Technology), duas das mais prestigiadas universidades do mundo, ela abandonou em 2012 uma bem-sucedida carreira no mercado financeiro e na cena das startups de tecnologia para estudar o assunto a fundo.

Quatro anos depois, publicou o livro Weapons of Math Destruction (Armas de Destruição em Cálculos, em tradução livre, um trocadilho com a expressão “armas de destruição em massa” em inglês) e tornou-se uma das vozes mais respeitadas no país sobre os efeitos colaterais da economia do Big Data.

A obra é recheada de exemplos de modelos matemáticos atuais que ranqueiam o potencial de seres humanos como estudantes, trabalhadores, criminosos, eleitores e consumidores. Segundo a autora, por trás da aparente imparcialidade desses sistemas, escondem-se critérios nebulosos que agravam injustiças.

É o caso dos seguros de automóveis nos Estados Unidos. Motoristas que nunca tomaram uma multa sequer, mas que tinham restrições de crédito por morarem em bairros pobres, pagavam valores consideravelmente mais altos do que aqueles com facilidade de crédito, mas já condenados por dirigirem embriagados. “Para a seguradora, é um ganha-ganha. Um bom motorista com restrição de crédito representa um risco baixo e um retorno altíssimo”, exemplifica.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

1) Há séculos pesquisadores analisam dados para entender padrões de comportamento e prever acontecimentos. Qual é novidade trazida pelo Big Data?

O diferencial do Big Data é a quantidade de dados disponíveis. Há uma montanha gigantesca de dados que se correlacionam e que podem ser garimpados para produzir a chamada “informação incidental”. É incidental no sentido de que uma determinada informação não é fornecida diretamente – é uma informação indireta. É por isso que as pessoas que analisam os dados do Twitter podem descobrir em qual político eu votaria. Ou descobrir se eu sou gay apenas pela análise dos posts que curto no Facebook, mesmo que eu não diga que sou gay.

A questão é que esse processo é cumulativo. Agora que é possível descobrir a orientação sexual de uma pessoa a partir de seu comportamento nas redes sociais, isso não vai ser “desaprendido”. Então, uma das coisas que mais me preocupam é que essas tecnologias só vão ficar melhores com o passar do tempo. Mesmo que as informações venham a ser limitadas – o que eu acho que não vai acontecer – esse acúmulo de conhecimento não vai se perder.

2) O principal alerta do seu livro é de que os algoritmos não são ferramentas neutras e objetivas. Pelo contrário: eles são enviesados pelas visões de mundo de seus programadores e, de forma geral, reforçam preconceitos e prejudicam os mais pobres. O sonho de que a internet pudesse tornar o mundo um lugar melhor acabou?

É verdade que a internet fez do mundo um lugar melhor em alguns contextos. Mas, se colocarmos numa balança os prós e os contras, o saldo é positivo? É difícil dizer. Depende de quem é a pessoa que vai responder. É evidente que há vários problemas. Só que muitos exemplos citados no meu livro, é importante ressaltar, não têm nada a ver com a internet. As prisões feitas pela polícia ou as avaliações de personalidade aplicadas em professores não têm a ver estritamente com a internet. Não há como evitar que isso seja feito, mesmo que as pessoas evitem usar a internet. Mas isso foi alimentado pela tecnologia de Big Data.

Por exemplo: os testes de personalidade em entrevistas de emprego. Antes, as pessoas se candidatavam a uma vaga indo até uma determinada loja que precisava de um funcionário. Mas hoje todo mundo se candidata pela internet. É isso que gera os testes de personalidade. Existe uma quantidade tão grande de pessoas se candidatando a vagas que é necessário haver algum filtro.

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