Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2017
Os depoimentos de delatores da Odebrecht foram a gota d’água no processo de desgaste da classe política tradicional, que precisará adotar um discurso de centro e evitar a polarização para sobreviver, dizem marqueteiros. Para eles, as candidaturas em 2018 serão construídas em cima de atributos pessoais. Vencerá aquele que conseguir superar a antipolítica, criando identificação direta com o eleitor desiludido e mostrando uma plataforma que prometa resolver seus problemas cotidianos.
“A desilusão do eleitor é violenta, tem muita gente que não quer votar em ninguém. É natural que essa massa crescente de indecisos busque alguém no centro, com quem se identifique”, disse o publicitário Chico Mendez. “Você gera identificação quando o candidato se apresenta no mesmo patamar que o seu, admite que erra como você, pede perdão como você”, afirmou Mendez.
Parte dos marqueteiros e analistas políticos ouvidos pela reportagem aposta que o caminho está aberto para João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo, que nega pretensão de disputar o Planalto. Outra parte é cética quanto à sua possibilidade de conseguir a candidatura, em meio às disputas no PSDB.
Mas é consenso que a forma como Doria se comunica será fundamental para os candidatos em 2018. Para eles, a população não diferenciará os graus de envolvimento com esquemas de caixa dois e/ou corrupção. Serão todos nivelados por baixo, e a disputa se dará entre a trajetória pessoal de um versus a trajetória pessoal de outro.
A Operação Lava-Jato “tem um grande potencial destrutivo”, observa Lula Guimarães, que fez o marketing da campanha de Doria à prefeitura em 2016. “Mas é possível que o estrago seja neutralizado por criar um denominador comum, fazendo com que o ‘drive’ deixe ser a ética e passe a ser a entrega”, afirmou.