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Brasil Os disparos que resultaram na morte de um músico no Rio colocam em xeque a participação das Forças Armadas em ações ligadas à Segurança Pública

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O músico Evaldo dos Santos Rosa teve o carro atingido por 80 tiros e morreu na hora. (Foto: Reprodução/Facebook)

Os tiros disparados contra o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa colocaram em xeque, para muitos, a participação de militares das Forças Armadas em ações ligadas à Segurança Pública nas áreas urbanas do País. O silêncio do governo federal após os disparos só foi rompido na quarta-feira (10), com as declarações do ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva, que chamou o caso de “lamentável e triste incidente”.

O ministro revelou não achar “normal” os “80 disparos”, assegurou que o Exército ia apurar tudo e “cortar na própria carne.” No fim, completou: “O presidente falou: apure o que tem que ser apurado”. Já fazia três dias que o filho de Evaldo perguntava pelo pai e dois que os militares envolvidos estavam no xilindró quando o ministrou finalmente falou.

O Exército que estivera a frente da intervenção federal no Rio e mantivera suas tropas atuando em operações de garantia da lei e ordem no Estado em 2017 e 2018 se viu diante de um episódio classificado por sua cúpula como “péssimo, muito negativo”. O que os generais sabem sobre os tiros que mataram o músico? Horas depois dos disparos, o CML (Comando Militar do Leste) soltou uma nota em que afirmava “com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha”, que a “tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo”.

O que levou a esse erro de avaliação do CML? O chefe da patrulha faltou com a verdade, tentou encobrir o crime adicionando-lhe a indignidade da mentira e, assim, teria sido desleal com seus comandantes? “Não há provas disso”, disse um general. A patrulha não tentou fraudar o local do crime, adicionando arma ou drogas nas mãos da vítima para encobrir o delito, como já aconteceu no caso do dentista Flavio Santana em 2004, em São Paulo, quando os PMs que o mataram, além de confundirem o dentista negro com um assaltante, ainda tentaram mudar a cena do crime, colocando uma arma na mão da vítima. A farsa foi descoberta e todos foram presos.

No caso do músico morto em Guadalupe, no Rio, quando ia com a família para um chá de bebê, os militares envolvidos foram presos por ordem do comando quando se percebeu que seus depoimentos tinham inconsistências. Não obedeceram as “regras de engajamento”, o manual de operações com as normas sobre quando se pode e se deve atirar em operações de segurança urbana. Os generais afirmam que o caso precisa ser analisado em seu contexto: “Aquilo não ocorreu em Marte. A área é uma região de confrontos. A percepção da patrulha é que estava sob ameaça. Pode ser que essa ameaça não estivesse no carro, mas nas imediações. Houve um erro de avaliação. Ninguém sai para a rua para executar um inocente. Depois, houve uma nota precipitada que teve de ser refeita”.

De fato. É possível pensar que os sete soldados, o sargento e o tenente presos pelo assassinato do músico não tinham a intenção de fuzilar um pai de família ao lado do filho de cinco anos e da mulher. O que, então, saiu errado? A perícia técnica deve apontar que o número de disparos feitos pelos militares foi, segundo um oficial, “inferior a 40” e não os 80 divulgados pela Polícia Civil. Há perfurações não só na traseira do veículo do músico, mas também na lateral e foram constatadas marcas de disparos feitos contra a tropa. “Evidentemente, eles não partiram do veículo do músico, mas de bandidos que estavam perto do local.” A família – dizem os generais – teria sido pega em fogo cruzado.

E para além do local dos fatos, o que pode ter saído errado?  Especialistas apontam para uma escalada no uso da força pelas órgãos de segurança no País. E para uma banalização do engajamento das Forças Armadas em uma tarefa que não lhes cabe: a Segurança Pública. No fim dos anos 1970, o marechal Cordeiro de Farias dizia se preocupar “com uma distorção da instituição militar”. Para ele, o Exército estava se tornando polícia, invadindo casas e prendendo pessoas. Ele, que comandara a Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira, na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial, criticava a guerra que os jovens haviam arrumado: o combate à subversão. Segundo ele, isso “degradava profundamente a instituição”. A conta ficou para o Exército.

 

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