Sexta-feira, 29 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Os Estados Unidos correm o risco de perder a guerra comercial para a China

Compartilhe esta notícia:

Os presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping. (Foto: White House)

Os norte-americanos correm o risco de perder a guerra comercial para a China. O que começou com o presidente Donald Trump impondo tarifas sobre o aço e o alumínio vem se transformando em uma guerra comercial de grande escala com a China. Se a trégua acordada pela Europa e EUA se mantiver, os americanos vão travar uma batalha especialmente com a China e não com o resto do mundo (naturalmente o conflito comercial com Canadá e México continuará em fermentação, uma vez que os EUA fazem exigências que nenhum dos dois países pode ou deve aceitar). A reflexão é de Joseph E. Stiglitz, Nobel em Ciências Econômicas em 2001 em artigo para o Estado de São Paulo.

Segundo o artigo ,em primeiro lugar, a macroeconomia sempre prevalece: se os investimentos internos dos EUA continuarem a superar suas poupanças, o país terá de importar capital e contabilizará um enorme déficit comercial. E pior, em razão dos cortes de impostos aprovados no fim do ano passado, o déficit fiscal americano já vem atingindo novos recordes – segundo projeção recente deve ultrapassar US$ 1 trilhão em 2020 – o que significa que o déficit comercial certamente aumentará, independentemente do resultado da guerra comercial. A única maneira de se evitar isso é se Trump levar o país para uma recessão, com a renda declinando tanto que investimentos e importações vão despencar.

O “melhor” resultado dessa visão estreita de Trump no tocante ao déficit comercial com a China seria uma melhora da balança comercial bilateral, combinada com um aumento em igual volume do déficit com algum outro país (ou outros países). Os EUA podem vender mais gás natural para a China e comprar dela menos máquinas de lavar roupas. Mas venderá menos gás natural para outros países e comprará lava-roupas ou qualquer outra coisa da Tailândia, ou outro país que tenha evitado a fúria de Trump. Mas como os EUA interferem no mercado, o país estará pagando mais por suas importações e recebendo menos pelo que exporta, não o contrário. Em resumo, o melhor resultado significa que os EUA sairão dessa guerra em situação pior do que estão hoje.

Os americanos têm um problema que não diz respeito à China, mas é doméstico. O país poupa muito pouco. Trump, como muitos dos seus compatriotas, tem uma visão extremamente tacanha. Se tivesse um mínimo de entendimento de economia e uma perspectiva de longo prazo, faria o possível para aumentar a poupança nacional que reduziria o déficit comercial multilateral.

Existem soluções temporárias óbvias: a China pode comprar mais petróleo americano e vendê-lo para outros. O que não fará nenhuma diferença além talvez de um leve aumento no custo da transação. Mas Trump poderá alardear que conseguiu eliminar o déficit comercial bilateral.

Na verdade, reduzir de modo significativo esse déficit será difícil. À medida que a demanda por produtos chineses diminui, a taxa de câmbio do yuan cairá, mesmo sem intervenção governamental. Isso em parte contrabalançará o impacto das tarifas americanas, e ao mesmo tempo, elevará a competitividade da China frente a outros países.

Se os chineses adotarem novas medidas retaliatórias mais agressivas, as mudanças na balança comercial de EUA e China serão ainda menores. É difícil determinar os danos que cada um pode provocar ao outro. A China tem mais controle da sua economia e deseja mudar para um modelo de crescimento baseado mais na demanda interna do que em investimentos e exportações. Os EUA estão simplesmente ajudando aquele país a fazer o que já vem tentando. Por outro lado, adotam medidas no momento em que a China procura reduzir a excessiva alavancagem e o excesso de capacidade; pelo menos em alguns setores, os EUA tornarão essa tarefa ainda mais difícil.

Se o objetivo de Trump é impedir os chineses de prosseguirem com sua política denominada “Made in China 2025” – plano adotado em 2015 com uma meta de 40 anos – para reduzir a disparidade de renda entre China e os países avançados, com certeza fracassará. Ao contrário, as medidas que adotou somente fortalecerão a determinação dos líderes chineses de impulsionar a inovação e alcançar supremacia tecnológica, à medida que percebem que não podem depender dos outros e que os EUA agem constantemente de modo hostil.

Se um país entra em guerra, seja comercial ou não, ele deve ter certeza de que tem à frente bons generais, com objetivos claramente definidos e uma estratégia viável, e apoio popular. É nesse ponto que as diferenças entre EUA e China são muito grandes. Nenhum país tem uma equipe econômica mais desqualificada do que a de Trump e a maioria dos americanos não respalda a guerra comercial.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

A inflação desacelerou em março e é a menor para o mês, desde 2012
Na internet, o governo Temer vai usar as declarações de Lula a favor da reforma da Previdência para combater os críticos
https://www.osul.com.br/os-estados-unidos-correm-o-risco-de-perder-a-guerra-comercial-para-a-china/ Os Estados Unidos correm o risco de perder a guerra comercial para a China 2018-08-02
Deixe seu comentário
Pode te interessar