Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2018
Os Estados Unidos classificaram a China, a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte como governos “moralmente repreensíveis” que violam os direitos humanos dentro de suas fronteiras diariamente, tornando-os “forças de instabilidade”.
Ao divulgar o relatório global de direitos humanos do Departamento de Estado para 2017, o secretário de Estado interino, John Sullivan, também destacou a Síria, Mianmar, Turquia e Venezuela como nações com histórico ruim de direitos humanos. A melhoria dos direitos humanos no Uzbequistão, Libéria e México foram “pontos brilhantes” globais, acrescentou.
Michael Kozak, um alto funcionário do Departamento de Estado que ajudou a supervisionar o relatório, disse não acreditar que as políticas da administração do presidente Donald Trump sobre liberdade de imprensa, refugiados, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros e outras questões abririam espaço para que os Estados Unidos sejam acusados de hipocrisia.
Os governos da China, Rússia, Irã e Coreia do Norte “violam diariamente os direitos humanos das pessoas dentro de suas fronteiras e, como resultado, são forças de instabilidade”, disse Sullivan.
Países como esses que restringem as liberdades de expressão e de reunião pacífica permitem e cometem violência contra minorias religiosas, étnicas e outras ou minam a dignidade fundamental do povo “são moralmente repreensíveis e minam nossos interesses”, acrescentou Sullivan.
Sullivan disse que o governo da Rússia “continua a reprimir a dissidência e a sociedade civil, mesmo enquanto invade seus vizinhos e mina a soberania das nações ocidentais”.
“Mais uma vez, instamos a Rússia a acabar com sua ocupação brutal da península da Crimeia, a fim de acabar com os abusos cometidos pelas forças russas na região de Donbas e a combater a impunidade pelas violações dos direitos humanos e abusos na República da Chechênia”, disse Sullivan.
Nova Guerra Fria
Os Estados Unidos estão impondo o regresso a um novo gênero de Guerra Fria por considerarem a Rússia e a China como adversários, e atuam como elemento que valida as atuais ambições de Moscovo, alertam investigadores em temas geopolíticos.
“Estamos regressando a uma nova Guerra Fria, pelo fato de os Estados Unidos encararem agora Rússia e China como adversários, e não como nações pouco amistosas, mas não necessariamente hostis”, considerou Michael Klare, professor de Estudos de segurança e paz no Hampshire College em Amherst, Massachusetts, Estados Unidos.
Na sua análise, o acadêmico sublinha que desde o final da Guerra Fria, no início da década de 1990, até recentemente, os presidentes norte-americanos ambicionavam “integrar a Rússia na ordem liberal internacional”, mas a Casa Branca, após a eleição de Donald Trump em 2016, deixou de acreditar que Rússia e China possam integrar essa ordem.
“A atual liderança dos EUA não acredita que a Rússia e a China possam integrar essa ordem, antes considera que estão empenhados em desmantelá-la. Por isso, acredita que os dois países devem ser isolados e delimitados”, sublinha o acadêmico, autor de diversas publicações, onde se inclui “The Race for What`s Left: The Global Scramble for the World`s Last Resources” (2012).