Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2017
Com o mote da segurança, os Estados Unidos estão começando a pedir a turistas que pretendem entrar no país o acesso às respectivas mídias sociais.
Indagada sobre a questão, a missão diplomática norte-americana no Brasil confirmou via e-mail dizendo que a medida é recente – e baixada pelo Departamento de Estado, que passou a solicitar informações adicionais dos solicitantes de visto do mundo todo.
Quem faz a triagem? O cônsul é que define se elas “são necessárias para confirmar a identidade do solicitante ou para checagem mais rigorosa”.
Fazem, no entanto, uma ressalva, para tranquilizar a todos: “A estimativa é que menos de 1% dos mais de 13 milhões de requerentes de visto anuais deva apresentar informações adicionais”. E informam: o governo norte-americano “está empenhado em facilitar viagens legítimas”.
Celulares e senhas
Os interessados em conseguir um visto para os EUA poderão ter que dar acesso aos seus celulares e senhas, além das redes sociais. De acordo com o The Wall Street Journal, a mudança, que ainda estaria sendo estudada, serviria para que os representantes do governo do país examinassem informações como seus contatos e outros dados pessoais.
Como se tudo isso não fosse suficiente, as entrevistas agora também podem pedir aos aplicantes que respondam questões bastante invasivas sobre suas crenças e ideologias.
A mudança, vale notar, é realmente grande considerando que, até agora, apenas oficiais da fronteira podiam inspecionar celulares; mesmo assim, os casos em que isso ocorria eram raros – embora o número de ocorrências tenha sido cinco vezes maior em 2016. Da mesma forma, o modelo atual de análise de vistos também permitia aos aplicantes prover seus passaportes apenas voluntariamente.
Nenhum lugar está seguro?
Outra das diferenças a ser apontada, como já mencionamos antes, seria a adição de outros países para sofrer com essas medidas. Entre os nomes citados, temos aliados dos EUA, como França e Alemanha; ao que parece, porém, até mesmo países que participam do programa de isenção de visto, como Reino Unido, Japão e Austrália, vão entrar na brincadeira.
É bom frisar que, no momento, a lista de países ainda não foi finalizada, mas deve aumentar, já que o Secretário de Estado Rex Tillerson pediu às embaixadas e consulados dos EUA para encontrar “populações pedindo um maior escrutínio”.
Ironicamente, embora a ideia venha com o objetivo de aumentar a vigilância nos Estados Unidos, muitos grupos de liberdades civis criticaram a nova medida pesadamente – alguns, de fato, chegando a debochar da eficiência de tais ações.
“Fazer esse tipo de coleta nessa escala seria consideravelmente prejudicial para atividades de inteligência, porque você iria conseguir tanto lixo que não tem nada a ver com nada”, afirmou April Doss, ex-conselheira geral associada de uma agência de segurança dos EUA.
Uma vez que a medida ainda está sendo estudada e não temos qualquer declaração oficial da Casa Branca sobre o assunto, ao menos isso quer dizer que as novas propostas podem não ser aplicadas. Mas, considerando que já vimos essa história piorando antes, infelizmente é melhor não esperar que seja diferente.