Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de março de 2018
Thierry Fremaux, diretor do Festival de Cannes, na França, falou sobre as mudanças para o evento em 2018 durante uma entrevista para a revista Variety. A 71ª edição do evento acontece entre os dias 8 e 19 de maio.
Thierry falou sobre o fato de os filmes produzidos pela Netflix ficarem de fora do festival este ano. Em 2017, a seleção dos filmes “Okja” e “The Meyerowitz Stories”, produzidos pela plataforma, gerou revolta dos defensores das salas de cinema. As informações são do portal de notícias G1.
“Qualquer filme que for selecionado para a competição precisa ser exibido nos cinemas. No ano passado, pensei que pudesse convencer a Netflix a fazer isso, mas eles se recusaram. Esse é o modelo econômico deles e nós respeitamos. Mas nós somos todos do cinema e desejamos ter filmes na competição que sejam lançados nos cinemas. Esse é o modelo dos amantes do cinema e a Netflix também deve respeitá-lo”, explicou Thierry.
“Mas Cannes aspira a acolher todas as fontes da criatividade contemporânea, e hoje a Amazon e a Netflix – e talvez amanhã a Apple – representam algo importante”.
Selfies no tapete vermelho
Ele ainda falou da proibição das selfies no tapete vermelho. “Como não somos policiais, nós vamos confiar em nossos convidados e em sua compreensão da situação: selfie no tapete vemelho, de forma contínua e turística, são ridículas. Isso atrapalha a qualidade e o ritmo da travessia. Alguns estão protestando e comentando negativamente, mas selfies não existiam há dez anos, isso obviamente não é a coisa mais importante do mundo. Nós vamos para Cannes para ver filmes, não para torar selfies. Meu trabalho e do meu time é preservar o prestígio do mais importante festival do mundo”, disse.
Thierry também falou sobre o movimento #metoo e as mudanças geradas por diversas campanhas em prol da igualdade de gêneros nas premiações.
“Não é papel do festival organizar eventos do #metoo, pois não temos habilidade nem legitimação para isso. Nós preferimos reunir todas as iniciativas que serão lançadas aqui e ali em Cannes. Estamos tendo várias discussões e trocando ideias para preparar o festival”.
Ele ainda ressaltou que o evento está “igualando a proporção de mulheres no festival e no comitê de seleção, o que é muito importante”.
“No ano passado, Jessica Chastain, que estava no júri, nos fez entender a importância do olhar feminino no processo de seleção. E ela estava certa. E nós também estamos juntando nossas vozes na luta pela igualdade salarial. O mundo não é o mesmo desde o caso de Weinstein, ele está acordando. E isso é muito bom.”