Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de março de 2018
Os líderes europeus pediram nesta quinta-feira às empresas digitais que garantam uma “proteção total da vida privada” dos cidadãos, em pleno escândalo sobre o uso para campanhas políticas de dados de milhões de usuários do Facebook.
O Facebook está no meio de uma enorme polêmica depois de ter sido revelado que uma empresa britânica de consultoria política, a Cambridge Analytica, usou os dados particulares de 50 milhões de usuários da popular rede social – sem a autorização destes – para fins eleitorais.
“Queremos saber se durante as eleições americanas e durante o referendo sobre o Brexit foram usados dados para influenciar na posição dos cidadãos”, disse Tajani nesta quinta-feira, em Bruxelas.
As autoridades encarregadas da proteção de dados nos países da UE ofereceram seu apoio na investigação aberta pela Comissão de Informação, órgão regulador do direito à informação no Reino Unido, sobre o caso da Cambridge Analytica.
A comissária europeia de Justiça, Vera Jourova, assinalou que o uso abusivo desses dados pessoais constitui uma “ameaça à democracia”. “Isso coloca em dúvida a liberdade das decisões eleitorais”, declarou ante a imprensa em seu retorno de uma viagem aos Estados Unidos.
No dia anterior, Jourava havia advertido que um escândalo similar ao protagonizado pelo Facebook poderia custar “muito caro” a partir de maio, quando entrará em vigor uma nova lei europeia de proteção de dados pessoais.
Quebrando o silêncio que mantinha desde o início da crise, a pior vivida por sua empresa, Zuckerberg se desculpou pelos erros cometidos por meio de um comunicado na quarta-feira.
“Tratou-se de um abuso de confiança muito importante e estou consternado”, declarou à emissora CNN, acrescentando que estaria disposto a prestar depoimento no Congresso americano.
O “pai da internet” comenta o caso
O inventor da World Wide Web, Tim Berners-Lee, encorajou nessa quinta-feira o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, ao afirmar que ele pode “consertar” os problemas que permitiram o vazamento de dados da rede social, “mas isso não será fácil”.
“Este é um momento sério para o futuro da web, mas quero que nos mantenhamos com esperança. Os problemas que vemos hoje são erros no sistema. Os erros podem causar danos, mas são criados pelas pessoas e podem ser consertados pelas pessoas”, afirmou Berners-Lee.
O especialista britânico se referiu assim em uma postagem no Twitter sobre o vazamento de dados de milhões de usuários da rede social para a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria britânica vinculada à campanha eleitoral em 2016 do agora presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ao se dirigir a Zuckerberg, Berners-Lee afirmou que é “possível consertar” o problema, mas reconheceu que isso “não será fácil”, e acrescentou que “as empresas têm que trabalhar com governos, ativistas, acadêmicos e usuários para garantir que as plataformas estão prestando serviço à humanidade”.