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Brasil “Os pacientes e os médicos ainda sabem pouco sobre o câncer”, afirma o novo presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia

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Os profissionais consideram inadmissível a desvalorização e reivindicam o reconhecimento à importância da carreira médica na capital do Estado. (Foto: Freepik)

Pacientes acreditam em chazinhos curativos e médicos ainda não têm conhecimento suficiente sobre o câncer, o que atrasa tratamentos. Esse é o panorama oncológico no País, segundo Sergio Simon, que recentemente assumiu a presidência da Sboc (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

Simon afirma que a desinformação de pacientes sobre o câncer não é uma característica exclusivamente brasileira e que é difícil fazer com que as pessoas entendam que tratamentos alternativos não têm ação significativa sobre a doença e não podem ser usados como terapias principais. Confira a entrevista a seguir.

Recentemente a oncologia clínica foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina. Qual a relevância prática disso?
A importância prática é que o câncer, a partir de 2030, vai ser o maior responsável por mortes no Brasil. Então ainda precisamos aumentar muito o número de oncologistas no país. Temos pouco mais de 2 mil profissionais para cuidar de 200 milhões de pessoas. É pouco. Como a população está vivendo mais tempo e a incidência de vários tipos de câncer tem aumentado, vamos precisar treinar e certificar um grande número de profissionais.

Faltam oncologistas no País?
Sem dúvida. Há cidades relativamente grandes que ainda não dispõem de um serviço estruturado de oncologia. O acesso à radioterapia é outro problema. Temos filas de espera que ultrapassam seis meses. Evidentemente, é péssimo para o paciente, porque a doença não fica parada.

Economicamente, é possível atualizar tratamentos sem onerar de forma desproporcional o sistema de saúde?
A análise farmacoeconômica evidentemente pende para um aumento dos gastos. Mas medicações mais modernas são mais eficazes e você precisa levar isso em consideração. Para tratar um tipo de câncer de mama, as pacientes com doença metastática até dez anos atrás viviam em média de 20 meses. Com o tratamento moderno, elas passaram a viver 56 meses. Uma mulher poder viver cinco anos em média com doença metastática ao invés de um ano e meio é muito importante. Sabemos que a gestão pública do dinheiro não é muito eficaz. Talvez tenha um trabalho de gestão melhor que precise ser feito, talvez pela centralização de compras para o país inteiro, pela construção de laboratórios centrais específicos para testagem rápida dos tumores. Vi isso no Nepal.

Você viu algo que poderia servir de inspiração para o Brasil?
A testagem de tumores de pulmão para mutação do EGFR é feita para todos os pacientes a um custo muito barato em um laboratório na Índia. O tratamento que aqui sai por 4 mil reais lá custa 60 por mês dólares, cerca de 200 reais. Se o governo estivesse disposto a sentar com os laboratórios e comprar a medicação para o País inteiro, acho que daria para chegar em preços bem próximos disso.

Qual o mito que você mais escuta no dia a dia clínico?
A força dos tratamentos alternativos, como chazinhos e a fosfoetanolamina, tem uma influência grande sobre a população. Até podem ser usados, mas isso não deve fazer com que o paciente evite tratamentos tradicionais. Esse tipo de mito de que tratamentos naturais conseguem curar é ruim. Temos uma grande dificuldade de fazer as pessoas entenderem que a fosfoetanolamina não tem atividade em praticamente nenhum paciente. O estudo no Icesp mostrou que é uma droga sem atividade antitumoral e a Assembleia Legislativa de SP faz uma CPI para saber mais sobre a fosfoetanolamina. Virou um problema político e não médico-científico.

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https://www.osul.com.br/os-pacientes-e-os-medicos-ainda-sabem-pouco-sobre-o-cancer-afirma-o-novo-presidente-da-sociedade-brasileira-de-oncologia/ “Os pacientes e os médicos ainda sabem pouco sobre o câncer”, afirma o novo presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia 2017-11-18
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