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Brasil Os partidos desvirtuam a cota de verba para as mulheres

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O Senado tem hoje 13 senadoras em um universo de 81 parlamentares. (Foto: Agência Senado)

Na primeira eleição em que será obrigatório repassar ao menos 30% do R$ 1,7 bilhão do fundo eleitoral para candidatas mulheres, alguns dos principais partidos do país vêm adotando estratégias que desvirtuam o objetivo de aumentar a representatividade feminina na política.

Sem uma definição clara do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre como aplicar o dinheiro da cota feminina, uma das táticas dos partidos é inflar o número de candidatas a suplente de senadores — e contabilizar os recursos da chapa para o Senado como soma para a cota. Os suplentes, no entanto, não gastam dinheiro em campanha, não são votados nas urnas e substituem os titulares apenas se eles deixarem os mandatos. O Senado tem, hoje, 13 senadoras em um universo de 81 parlamentares.

Estão pendentes de julgamento no TSE ao menos duas consultas sobre a possibilidade de usar verba do fundo eleitoral destinado às mulheres para suplência no Senado. Com o início da campanha, as respostas a essas consultas ficarão para novembro. Segundo fontes da Corte eleitoral, caso seja firmado um entendimento de que o dinheiro tem que ir apenas para postulantes a mandatos titulares, esta decisão, provavelmente, valerá apenas para as próximas eleições.

Presidente do PSDB Mulher, a deputada Yeda Crusius (RS) defende a inclusão de mulheres na suplência. “Uma candidata a suplente tem enorme valor, se o senador sai para ser prefeito, você tem mulheres para assumir. Estou promovendo tremendamente a mulher na política quando ela escolhe ser candidata a suplente”, justifica a tucana.

Vice mulher

Outro jeitinho para gastar os 30% é usar parte desse recurso nas campanhas de homens que estejam na cabeça de chapa. O DEM da Bahia, por exemplo, decidiu que parte dessa verba financiará a campanha de José Ronaldo, candidato ao governo que tem como vice a médica Mônica Bahia, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) filiada ao PSDB. Os tucanos não vão financiar a campanha, e esse reforço no caixa sairá da cota feminina do DEM.

Legendas investem, também, em dobradinhas no material de campanha no qual as mulheres vão bancar parcial ou totalmente os custos com santinhos e outros materiais. No PDT, que investiu em candidatas a vice-governadoras e na senadora Kátia Abreu como vice de Ciro Gomes na disputa presidencial, a senadora deverá bancar 30% dos custos da campanha a presidente da República, o que, nas contas do presidente do partido, Carlos Lupi, deve chegar a R$ 4 milhões. Ele estima que a campanha de Ciro à Presidência deva custar cerca de R$ 14 milhões.

No PSOL, a vereadora de Niterói Talíria Petrone, que tentará vaga de deputada federal no Rio de Janeiro, receberá metade da verba destinada a candidatos considerados puxadores de votos, como Marcelo Freixo e Jean Willys (que devem receber R$ 299,8 mil).

“Todo partido ainda reproduz a lógica patriarcal e machista”, diz Talíria. Outra tendência é concentrar a verba da cota feminina nas mãos de poucas candidatas competitivas. Principal aposta feminina do PSDB, a deputada Mara Gabrilli, que tentará vaga no Senado por São Paulo, deve receber cerca de R$ 3,6 milhões — uma fortuna se comparado com a previsão de gastos de uma candidata a deputada federal por Alagoas, que deve receber no máximo R$ 400 mil.

Há ainda partidos que vão destinar mais que os 30% obrigatórios para candidaturas femininas. É o caso da Rede e do PSTU, que têm candidatas à Presidência da República. O PSTU destinará 55% de todo o fundo para a candidatura de Vera Lúcia, e a Rede definiu que 50% do fundo eleitoral será usado só para bancar a campanha de Marina Silva. O partido de Marina, aliás, sofreu uma debandada de mulheres no fim de julho. Pelo menos três se desfiliaram ao descobrir que não receberiam recursos do partido para se candidatar. Uma delas é a ex-presidente da Rede em Campinas Maíra Schiavinato Massei, que se candidataria a deputada estadual.

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https://www.osul.com.br/os-partidos-desvirtuam-a-cota-de-verba-para-as-mulheres/ Os partidos desvirtuam a cota de verba para as mulheres 2018-08-19
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