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Brasil Ainda que o ex-ministro Antonio Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula

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Lula foi denunciado com Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no qual ele atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o protagonismo no esquema de corrupção na Petrobras, deixa em aberto a tentativa do petista de se viabilizar como candidato à Presidência da República em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado de S. Paulo. A avaliação é de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula.

O professor emérito de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Ruy Fausto disse que o depoimento “enfraquece ainda mais a posição de Lula”. “Creio que, agora, a direção do PT no fundo se empenhará principalmente em evitar que ele seja preso”, afirmou.

Para Fausto, se por um lado a fala de Palocci mostrou “o violento processo de corrupção que atingiu o poder petista”, por outro, “é evidente que Palocci está numa situação desesperada e, para se safar, dirá o que aconteceu e também o que não aconteceu. Assim, é preciso ter alguma cautela”, afirmou.

A avaliação do cientista político e consultor da Arko Advice, Murillo Aragão, é de que o depoimento foi “trágico para o PT e para o Lula”. “Em poucas palavras, relevou a extensão da tragédia política do País. Então, é seriíssimo o que ele (Palocci) disse e não há porque não acreditar nele”, afirmou. Palocci foi ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil durante parte do mandato de Dilma Rousseff.

Além do depoimento de Palocci, Lula teve outro revés na última semana. Ele foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff e outros petistas, sob acusação de formar uma organização criminosa. Se o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia, será o sexto processo do ex-presidente na condição de réu.

Aragão considerou que a candidatura de Lula está prejudicada, mas, ainda assim, ponderou que Palocci estava sob a pressão de estar preso há quase um ano. “É evidente que uma pessoa presa há muito tempo termina pressionada a adotar posturas que deem fim à sua agonia.” Segundo ele, o ex-ministro deverá provar, de alguma forma, as afirmações que fez a Moro, entre elas a da existência de um “pacto de sangue” entre Lula e a Odebrecht. “Ele não pode apenas acusar sem ter a mínima condição de provar.”

Cautela

Para a professora de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tatiana Roque, “antes de tudo, tem de ter cautela e esperar as provas”. Ela lembrou de outros delatores, como o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que voltaram atrás no que disseram sobre Lula. “Mais importante é: qualquer decisão que inviabilize uma candidatura com a popularidade, o porcentual de votos que Lula tem, deve ser extremamente rigorosa e não deixar nenhuma margem de dúvida em termos de provas.”

Em depoimento à Justiça Federal neste ano, porém, Léo Pinheiro disse que o triplex no Guarujá foi oferecido pela OAS a Lula e apresentou registros de encontros com o petista. Em um deles, segundo o empreiteiro, o ex-presidente o teria orientado a destruir provas.

Para o professor de História Contemporânea da USP Everaldo Andrade, Palocci “está dizendo, de certa forma, tudo o que querem que ele diga”. “Ele está sob uma gigantesca pressão, é uma pessoa muito inteligente e sabe exatamente o que falar para conseguir algum tipo de benefício com a delação dele”, disse.

Andrade lembrou que Palocci era figura das mais importantes do PT, mas defendeu posições que contrariavam setores do partido – ainda que as posições de Palocci sempre estivessem alinhadas com as de Lula, a quem era subordinado, e tivessem sido avalizadas pelo então presidente.

Depoimento

A Justiça Federal negou recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manteve para a quarta-feira (13), em Curitiba, o depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato em primeira instância. O interrogatório será no âmbito da ação em que Lula é réu por suposto recebimento de propinas da Odebrecht. A defesa pedia o adiamento até que fossem juntados nos autos elementos sobre os sistemas My Web Day e Drousys, usados para a distribuição de propinas, segundo investigadores.

Os dados sobre o sistema My Web Day estavam na Suíça e foram enviados pela Odebrecht ao Ministério Público Federal em agosto. O relator do processo, desembargador federal João Pedro Gebran Neto, disse que o pedido não tem previsão legal.

Na quarta, será a segunda vez que Lula ficará diante de Moro. A primeira foi em maio, na ação referente ao triplex do Guarujá. A militância petista já organiza atos em Curitiba como os do primeiro depoimento. (AE)

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