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| Papa Chico: Um a zero

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Pontífice também falou da capacidade de sentir-se amado. (Foto: Reprodução)

Eleição é uma das coisas mais emocionantes que conheço, até porque, ganhando ou perdendo, vivi e sobrevivi a várias. Mais misteriosas no que diz respeito ao seu resultado quanto mais retrocedamos no tempo. Falo no voto universal. Aqui, entre nós, além de tudo obrigatório. As expectativas prorrogavam-se até o final das apurações que chegavam a durar mais de uma semana. E que sofrida semana. Pesquisas não eram feitas porque, na década de quarenta, por ex., poucos sabiam e a maioria desacreditava do valor científico de Estatística.

A “boca de urna” demorou ainda mais (perguntavam, críticos, os líderes de antes: como é que esses “caras” vão dar o resultado sem ter sequer um voto apurado? Parecia um corpo estranho entre o milagre e o palpite. O tempo passou, as técnicas de busca de informação foram aperfeiçoadas (houve também alguns erros clamorosos, deixando a dúvida entre a falha técnica e a fraude induzida). Agora, no momento pré-eleitoral, são tantas que perderam o charme de mistério revelado. A quantidade repetitiva banalizou o processo e, com ele, minimizou o valor informativo, descendo da manchete do alto da página para a coluna do rodapé do jornal.

O certo é que, na atualidade, pesquisa que acerta não tem maior repercussão. É rotina. A que anima (ou desanima), que é comentada (pelos vitoriosos, destacando a sua credibilidade; pelos em queda (levantando traços de suspeições) é surpreendente: a exceção à regra.

Mas a eleição, com ou sem pesquisa e mesmo, apesar dela, de vez em quando, prega peças que parecem querer dizer: “vocês, com suas estatísticas complexas, vão acertar o resultado enquanto eu, o imponderável, deixar”. Repete o que a Natureza (ou, especificamente, o clima), divertindo-se, faz, de vez em quando, com o meteorologista orgulhoso: ante uma previsão de chuvarada, a realidade de um Sol escaldante.

No entanto, a que eu queria e, “a vol d’óiseau” embora, vou referir são certas derrotas que, pela opinião publicada, não podiam acontecer (remember o Fernando Henrique sentado na cadeira de Prefeito, na capa da Veja, publicada na véspera da eleição, anunciando projetos de Prefeito eleito e, na urna, voto a voto. Jânio Quadros venceu fácil).

E há também fatos e situações que em atribuindo-nos poder e sabedoria de julgadores iluminados, decidimos que não podiam ocorrer: por ex. o Presidente norte-americano Wilson, que liderou a participação vitoriosa dos Estados Unidos na guerra de 1914/18 inclusive deixando, como legado, sua valiosa influência para que se celebrasse o histórico Tratado de Versalhes e, nele, o compromisso internacional (respeitado) de criação da OIT. Com toda essa bagagem, Wilson, ao regressar ao seu país, candidatou-se (”pule de dez”, diria um antigo turfista, anunciando a barbada). Nada disso aconteceu. Wilson perdeu para um obscuro candidato, que nunca teve méritos efetivos nem notoriedade além do município.

Para que não se pense que fatos similares não aconteceram na Europa, onde uma tradição cultural asseguraria a “perpetuidade” dos antigos líderes, Winston Churchill (a voz rouquenta, as tiradas de estilo, falando na BBC, como Primeiro-Ministro, conclamando o seu povo a resistência heroica, mesmo que custasse sangue, suor e lágrimas, fez com que, ao final, todas as democracias considerassem-no o grande vencedor da 2ª Guerra Mundial. Voltando a Inglaterra, candidatou-se à reeleição, e no seu Distrito foi derrotado por um “zé ninguém”.

E para não ficar no que alguns, mesmo dando-se conta do que as pesquisas, às vezes, não se dão conta, lembro-me da eleição vaticana. Havia Cardeais italianos, tidos como imbatíveis. Falou-se num brasileiro mas os experts puseram em destaque a força dos americanos e dos alemães. Dando a entender que o poderio dos seus países teria influência. Os mais arrojados palpitavam “talvez um Cardeal negro africano”.

Todos quebraram a cara. Vindo do cinturão operário de Buenos Aires, convivendo com as “villas miséria”, de Bíblia e chimarrão nas mãos, surgiu Chico, o Papa que tem a cara do povo.

Eu sei que vão dizer: “ah, Papa não vale”. Sim, mas eu vi aparecerem tantos palpites furados nos céus e na terra, e a eleição se complicou. Só que a opinião de Deus (a Igreja Católica garante que ELE de um jeito ou de outro participa), não da bola para pesquisa. E com um cabo ELEITORAL desse nível, o Papa Chico deu uma goleada de UM a ZERO.

NÃO HÁ IBOPE QUE AGUENTE!

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