Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2017
O papa Francisco convocou os colombianos a “fugir de toda tentação de vingança” nesse momento em que tentam deixar para trás o último conflito armado da América Latina. O Pontífice chegou em Bogotá na quarta-feira e ficará no país por cinco dias. “Que esse esforço nos faça fugir de toda tentação de vingança e busca somente de interesses particulares e a curto prazo”, afirmou em seu primeiro discurso durante sua visita à Colômbia.
Em sua chegada à capital colombiana, o papa foi recebido por cerca de 700 mil pessoas que o saudaram durante o percurso. Na visita, o Pontífice encontra um país dividido a respeito do acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Durante cinco dias, o Papa percorrerá quatro cidades colombianas: Bogotá, Villavicenzio, Medelín e Cartagena.
“Quanto mais difícil é o caminho que conduz à paz e ao entendimento, mas empenho devemos ter em reconhecer ao outro, em sanar as feridas e construir pontes, em estreitar laços e ajudar-nos mutuamente”, disse a autoridades políticas e religiosas na Casa de Nariño, sede da Presidência colombiana.
O chefe do Vaticano centrou a mensagem de sua primeira visita a Colômbia na reconciliação após o acordo de paz assinado pelo Governo e as Farc, apoiado pelo Vaticano. A viagem acontece em um contexto no qual avançam as negociações para um tratato semelhante entre o estado e o ELN (Exército de Liberação Nacional), última guerrilha ativa no país.
Antes de se encontrar com o presidente Juan Manuel Santos, o Papa leu um trecho de “Cem anos de solidão”, romance famoso de Gabriel García Márquez, e recordou aos colombianos que ” a solidão de estar sempre brigados já se conta por décadas e cheira a cem anos”.
“Quis vir até aqui para dizer a vocês que não estão sozinhos, que somos muitos os que queremos acompanhá-los nesse passo. Essa viagem quer ser um incentivo para vocês, um apoio que de alguma maneira abre caminho à reconciliação e à paz”, comentou. Além das guerrilhas de esquerda, a Colômbia enfrentou internamente conflitos de agentes estatais, traficantes e milícias, deixando mais de 7 milhões de vítimas entre mortos, deslocados e desaparecidos. (AG)