Economia Passageiros acumulam prejuízos e esperam mais de 12 horas por um voo da Avianca
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2019
Com 253 voos cancelados até segunda-feira, passageiros que possuem assentos comprados na Avianca enfrentaram dificuldades para embarcar em meio a recuperação judicial da empresa. No Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Jobim, na quinta-feira, ao menos quatro voos da companhia foram cancelados. Clientes reclamavam no balcão da empresa sobre a falta de informações da companhia aérea na busca por alternativas para conseguir viajar. As informações são do jornal O Globo.
Na tentativa de evitar grandes tumultos, a empresa pediu para que os passageiros chegassem com quatro horas de antecedência para realizar a realocação. Porém, há casos em que a espera durava mais de 12 horas.
A incerteza em saber se conseguiria curtir o feriado para descansar ou ver a família imperava em todos na longa fila que se formava no guichê. Com o longo tempo de espera, a empresa tem fornecido lanches, hospedagem e transportes para os clientes.
Para tentar suprir a demanda de todos os passageiros, com dez aeronaves a menos na frota, a empresa tem colocado os voos para São Paulo com o máximo da capacidade. No hub na capital paulista, clientes fazem escala para outro voo, muitas vezes da própria Avianca.
O desespero em solucionar a viagem de todos, fez com que a empresária Roberta Abreu, de 38 anos, ficasse sem lugar no voo que tinha comprado para Guarulhos, às 13h30min de quinta.
“Estava tudo confirmado, não esperava que tivesse esse problema. Quando cheguei, já tinham feito check-in e a aeronave estava cheia. Foram colocando outras pessoas no voo e esquecendo de quem tinha a passagem”, reclama Abreu, cuja jornada para chegar a Salvador foi árdua: ir ao Santos Dumont, desembarcar em Congonhas, ir para Guarulhos e embarcar para capital da Bahia.
A organização de meses também deu lugar a decisões repentinas. O administrador Hugo de Sá, de 32 anos, planejou uma viagem com sua esposa para Caldas Novas, em Goiás. Seu voo de escala do Galeão ao aeroporto de Guarulhos estava confirmado para as 19h25min, mas o de São Paulo até Goiânia não.
“Perdi uma diária e vou ter que pagar mais uma do carro que aluguei até Caldas Novas. Vou perder uns R$ 1.000 e ainda tenho que me preocupar com hotel em São Paulo se a empresa não pagar. Isso porque nem sei como vou voltar. Se pudesse, pegava o dinheiro de volta”, lamenta.
Entre os afetados, houve quem se antecipasse ao problema. Com voo cancelado na sexta, às 14h, para Fortaleza, a enfermeira Suellem Gomes, 31, foi ao Galeão na tentativa de ser realocada num voo com escalas em São Paulo para chegar ao Nordeste. Depois de uma longa espera, conseguiu as passagens para embarcar no fim da noite.
“Ninguém me ligou pra me avisar que tinha sido realizado esse cancelamento. Se não tivesse corrido atrás, não conseguiria ser realocada. Tô viajando pra descansar, não para ter trabalho”, conta.
Diante do caos, passageiros não sabiam como voltar do Rio de Janeiro no final do feriado. Em alguns casos, a Avianca tem proposto antecipação de dois dias para a volta, o que tem sido rejeitado pelos passageiros.
Há ainda o temor de que novos cancelamentos sejam feitos pela companhia nos próximos dias. A informação já circula entre funcionários da empresa, que não garantem o voo de retorno para os clientes no balcão. Atualmente a frota da Avianca está em 26 aeronaves. A partir da semana que vem, deve ser composta por apenas 18.
“Voltaria na segunda, mas querem me colocar pra voltar domingo. Estou indo sem saber quando vou conseguir voltar”, reclama a professora Débora Lerrer, de 50 anos, que tentava ir para Porto Alegre visitar parentes.
Procurada, a Avianca reiterou que está tomando todas as medidas necessárias para manter a normalidade de suas operações. A empresa pede para que os clientes monitorem a página de cancelamentos com 72 horas de antecedência do voo.
Na quinta, a Secretaria Nacional do Consumidor informou que monitora a situação da Avianca, tendo expedido pedido de esclarecimento à companhia. O órgão afirmou que, sem prejuízo dos demais canais para contato com a companhia aérea, os consumidores lesados poderão apresentar suas reclamações na plataforma consumidor.gov.br.
