Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2015
O envolvimento com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) coincide com um inédito período de prosperidade econômica do seu presidente, Marco Polo Del Nero. Desde que o seu aliado José Maria Marin assumiu a presidência da entidade, em março de 2012, o dirigente apresentou evolução patrimonial imobiliária de ao menos 175%, de 3,25 milhões de reais para 8,95 milhões de reais, segundo levantamento considerando imóveis registrados em seu nome no Estado de São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro.
Nos últimos três anos, Del Nero adquiriu dois imóveis de luxo no Rio e outro em São Paulo. O desembolso registrado em documentos de cartório foi de 5,7 milhões de reais em valores atualizados pela inflação, já descontadas a participação acionária de um dos filhos e as prestações a pagar. Desde a compra do primeiro imóvel, em junho de 2012, ele gastou, em média, 158 mil reais mensais com imóveis.
Em março de 2012, quando Ricardo Teixeira renunciou, Del Nero se tornou o braço-direito de Marin. Em abril daquele ano, eles participaram de reunião com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Dois meses depois, o cartola se tornou vice-presidente da CBF. Formalmente, o cargo de vice rendeu a Del Nero salário mensal de 10 mil reais.
De 2003 até abril de 2015, quando assumiu o comando da CBF, ele era o presidente da Federação Paulista de Futebol, com um salário de cerca de 50 mil reais. No comando da CBF, passou a ganhar 200 mil reais por mês. Del Nero tem ainda cargos executivos na Fifa e na Conmebol, além de ser sócio de um escritório de advocacia. A remuneração dessas atividades é desconhecida.
Investigação do FBI (a polícia federal norte-americana) indica que Marin dividia com Del Nero propinas relativas aos direitos de transmissão da Copa do Brasil. Del Nero aparece na investigação sob o codinome de “coconspirador 12”, descrito pela Justiça dos EUA como cartola com alto cargo na Conmebol, na CBF e na Fifa. Del Nero nega envolvimento no esquema de corrupção.
Outro lado
Questionado sobre a sua evolução patrimonial, o presidente da CBF limitou-se a dizer que está em situação regular na Receita Federal. “Todas as informações de despesas e receitas do contribuinte Marco Polo Del Nero foram fornecidas à Receita Federal, órgão com o qual o dirigente está rigorosamente em dia e não tem nenhuma pendência”, informou a CBF, em resposta por e-mail. O cartola também disse que não deixará o cargo antes de quatro anos.
“Renuncia quem tem alguma coisa errada na vida. Eu vou até o fim, vou cumprir minha obrigação, fui eleito democraticamente com 45 dos 47 votos, tenho obrigação com os meus eleitores.” (Folhapress)