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Economia Pela nona vez seguida, Banco Central mantém taxa básica de juros em 14,25% ao ano

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Taxa básica da economia brasileira segue no maior patamar em dez anos. (foto: reprodução)

Pela nona vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter os juros básicos da economia em 14,25% ao ano – o maior patamar em dez anos. A decisão (leia a íntegra mais abaixo), que confirmou a expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro, foi tomada em reunião em Brasília.

Esse foi o primeiro encontro do Copom do governo do presidente Michel Temer, que não é mais interino, e o segundo comandado pelo novo presidente da instituição, Ilan Goldfajn.

“O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. A economia segue operando com alto nível de ociosidade”, destacou o Copom em nota.

“No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos EUA persistem; a inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado”, acrescentou o BC.

Meta de inflação
No fim de junho, Goldfajn informou que buscará atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2017 – o que pressupõe um atraso maior no processo de queda dos juros. A previsão dos economistas dos bancos é de que a taxa comece a recuar somente no fim de novembro.

O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que tem mostrado resistência.

Porém, os juros altos prejudicam a atividade economica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros.

Apesar da forte recessão que castiga a economia brasileira, gerando aumento do desemprego e da inadimplência, a inflação corrente do país ainda está elevada. Em 12 meses até julho, o índice somou 8,74%, distante do objetivo central de 4,5% para o próximo ano.

“As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram desde o último Copom, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%”, destaca a nota do Copom desta quarta-feira.

Entre os fatores de risco para o alcance das metas para a inflação, o Copom cita a “incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação”.

Cenário econômico
A reunião do Copom aconteceu em um ambiente de forte recessão na economia brasileira. Para este ano, a mais recente previsão do mercado financeiro é de um tombo acima de 3% no Produto Interno Bruto (PIB), após um recuo de 3,8% ano passado – o maior em 25 anos. No segundo trimestre deste ano, a economia continuou encolhendo.

Embora a queda recente do dólar contribua para impedir uma escalada maior dos preços, a forte deterioração das contas públicas atua em sentido contrário. Para este ano, a previsão é de um déficit de R$ 170,5 bilhões para as contas do governo e, para 2017, a previsão é de rombo de R$ 139 bilhões. Déficits maiores implicam em mais gastos públicos – que pressionam a inflação.

Apesar do baixo nível de atividade, que aumenta a inadimplência, a inflação corrente do país ainda está elevada. Em 12 meses até julho, o índice somou 8,74%, distante do objetivo central de 4,5% para o próximo ano. Economistas das instituições financeiras estimam que o processo de redução dos juros básicos da economia começará somente no final de novembro, na última reunião do Copom de 2016.

Poupança e recursos para a habitação
A decisão do BC sobre a taxa de juros também influencia a rentabilidade da caderneta de poupança. Cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que, com os juros básicos atualmente em 14,25% ao ano, as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, ganham mais atratividade e ganham da poupança na maioria das situações.

A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

De janeiro a julho deste ano, por conta do baixo rendimento e do cenário de recessão na economia brasileira, as retiradas de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 43,7 bilhões. Foi a maior perda de recursos para este período desde o início da série histórica, em 1995, ou seja, em 22 anos.

O menor interesse na poupança também afeta os financiamentos imobiliários, uma vez que a modalidade é fonte de recursos para a casa própria. Pelas regras, os bancos precisam destinar parte dos saldos da poupança (SBPE) para o crédito imobiliário.

Em março deste ano, a Caixa Econômica Federal informou que aumentou os juros para financiar a casa própria com recursos da poupança. Foi a primeira vez no ano em que a Caixa subiu os juros para crédito imobiliário. O aumento, informou o banco, foi “decorrente de alinhamento ao atual cenário econômico”.

Segundo números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de crédito para a construção e aquisição de imóveis, com recursos da poupança, caiu 49,5% no primeiro semestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado – de R$ 44,8 bilhões para R$ 22,6 bilhões.

Confira a íntegra da nota do Copom:

“O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% a.a., sem viés.

O cenário básico com que o Comitê trabalha pode ser resumido pelas seguintes observações:

O conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom mostra evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. A economia segue operando com alto nível de ociosidade;

No âmbito externo, o cenário ainda apresenta interregno benigno para economias emergentes. No entanto, as incertezas sobre o crescimento da economia global e, especialmente, sobre a normalização das condições monetárias nos EUA persistem;

A inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado;

As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus para 2017 recuaram desde o último Copom, mas seguem acima da meta para a inflação, de 4,5%. As expectativas para horizontes mais distantes já se encontram em torno desse patamar; e

As projeções do Copom para a inflação de 2016 nos cenários de referência e mercado subiram desde sua última reunião e encontram-se em torno de 7,3%. Nos horizontes relevantes para a condução da política monetária, as projeções mantiveram-se relativamente estáveis ou recuaram. Em particular, sob as hipóteses do cenário de referência, a projeção para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5%. No cenário de mercado, a projeção para 2017 recuou para 5,1%.

O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação:

Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação;

Por outro lado, (iv) índices de preços no atacado indicam possível arrefecimento do choque de preços de alimentos e um eventual efeito favorável sobre o IPCA; (v) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, o que permitiria ganhos de confiança e reduziria as expectativas de inflação; e (vi) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 14,25% a.a., sem viés. O Comitê avalia que uma flexibilização das condições monetárias dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação nos horizontes relevantes para a condução da política monetária, em particular da meta de 4,5% em 2017. O Comitê destaca os seguintes fatores domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação. O Comitê avaliará a evolução da combinação desses fatores.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.”

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https://www.osul.com.br/pela-nona-vez-seguida-banco-central-mantem-taxa-basica-de-juros-em-1425-ao-ano/ Pela nona vez seguida, Banco Central mantém taxa básica de juros em 14,25% ao ano 2016-08-31
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