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Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2017
Bissexuais têm mais parceiros do que homossexuais e heterossexuais. Homens gays são os que têm maior propensão a terem tido sua primeira relação sexual com um desconhecido. Homens bissexuais e gays usam mais camisinha do que os héteros, e as lésbicas são as que menos se protegem nas relações sexuais.
Os dados são da Pesquisa Mosaico 2.0, levantamento mais recente sobre o comportamento sexual do brasileiro, comandado pela psiquiatra especialista Carmita Abdo, da USP, e patrocinado pela farmacêutica Pfizer.
Um novo recorte, segmentando a amostra de quase 3.000 pessoas de acordo com a orientação sexual, foi feito com exclusividade para o jornal Folha de S.Paulo.
A conclusão, diz Abdo, é que o comportamento sexual é bastante distinto entre os seis subgrupos analisados (homens e mulheres que podem ser hétero, gay ou bi).
Uma das vantagens de conhecer tais peculiaridades, além de satisfazer a curiosidade, é auxiliar na identificação de problemas e na elaboração de estratégias para cada grupo.
Por exemplo, a pesquisa sugere que há um baixo índice no uso de preservativo entre mulheres, um assunto ainda pouco discutido, já que existe, sim, a transmissão de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) entre elas.
Por outro lado, homens gays e bissexuais são os campeões no uso de camisinha – algo provavelmente ligado às campanhas de saúde.
“Os homens gays tendem a se cuidar mais, se alimentar melhor, ir mais à academia. As mulheres homossexuais são mais ‘largadas’ nesse quesito, têm mais DSTs e doenças cardíacas do que os heterossexuais, não vão ao médico, têm mais câncer de mama e, sobretudo, têm mais depressão – por causa do estigma”, diz Abdo.
Outro fator revelador sobre a qualidade de vida das mulheres homossexuais é que elas também fazem sexo sem vontade –em uma medida semelhante à das heterossexuais (58% dizem fazê-lo frequentemente ou às vezes).
Independentemente da orientação sexual, a maior parte das mulheres fingiu orgasmo. Homens, na média, fingem bem menos e os que estão mais desencanados são os heterossexuais.
E um dos fatores mais curiosos com relação aos hábitos e desejo sexuais dos grupos analisados é que bissexuais não só são os que tem mais parceiros e praticam mais sexo, mas também são os que mais gostariam aumentar a frequência do ato em sua rotina –tanto homens quanto mulheres.
Homens gays, por sua vez, estipulam uma quantidade ideal de sexo semelhante àquela de mulheres hétero ou homossexuais.
“Quando comecei a falar em bissexualidade, décadas atrás, as pessoas até duvidavam que essas pessoas existiam. Diziam que um dia essas pessoas, em algum momento da vida, se definem: ou vão para um lado ou para o outro. Mas essa matemática não existe”, afirma Abdo.
Segundo a psiquiatra, outro mito que o estudo ataca é o de que os homossexuais teriam uma vida “mais livre”. “Hoje o homossexual quer casar e ter filhos. E o bissexual é tão, tão eclético que só eles para terem esse comportamento ‘mais livre’, em vários aspectos.”