Quinta-feira, 28 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Ciência Pesquisadoras brasileiras desenvolvem pão feito com farinha de barata, que tem mais proteína que a carne bovina

Compartilhe esta notícia:

Pesquisadoras dizem que as baratas podem ser usadas para produzir outros alimentos. (Foto: Reprodução)

Preocupadas com a possível escassez de alimentos e proteína animal dentro dos próximos 30 anos por conta do aumento da população mundial, pesquisadoras da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no Rio Grande do Sul, desenvolveram um pão elaborado com farinha de barata desidratada.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até 2050 a população terá aumentado em 32%, alcançando cerca de 9,7 bilhões de pessoas e, por isso, passou a recomendar a introdução de insetos na alimentação humana – os bichinhos são ricos em proteínas, existem em abundância e custam pouco.

Mas antes de fazer cara de asco pensando nas baratas cascudas que circulam pelos esgotos das cidades, saiba que os insetos usados na pesquisa são as chamadas baratas cinéreas (Nauphoeta cinérea), de origem africana, produzidas em cativeiro e próprias para consumo humano, ao contrário da barata doméstica (Periplaneta americana) comum, de origem americana.

A escolha da barata para o estudo tem duas razões especiais: além de ser uma importante fonte proteica (tem cerca de 70% de proteínas, contra 50% da carne bovina), a barata existe há milhões de anos e preservou suas características genéticas mesmo com todo processo de evolução.

“Alguma coisa muito boa elas possuem para passarem pela evolução sem precisar se adaptar aos ambientes”, afirma a engenheira de alimentos Andressa Jantzen da Silva Lucas, uma das responsáveis pela pesquisa, ao lado da engenheira de alimentos Lauren Menegon de Oliveira.

O processo de fabricação

As pesquisadoras compraram as baratas desidratadas de um criador certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que fica em Betim (MG). O inseto pode ser comprado vivo também, mas Andressa diz que o transporte seria mais difícil. O quilo da barata desidratada custou R$ 200.

As baratas foram trituradas em um moinho de bolas, um equipamento especializado para moer matérias sólidas e obter partículas pequenas. O material obtido foi peneirado para ficar homogêneo.

Por fim, na receita tradicional do pão, as pesquisadoras adicionaram 90% de farinha de trigo comum e 10% de farinha de barata desidratada. O resultado foi surpreendente: “Com a adição de 10% da farinha de barata, o teor proteico do pão aumentou 133%”, afirmou Andressa.

Para efeito de comparação, uma fatia de 100 gramas do pão caseiro feito com farinha tradicional tem 9,7 gramas de proteínas, enquanto uma fatia de 100 gramas do pão de barata tem 22,6 gramas de proteína.

“Além disso, no pão feito com a farinha de barata reduzimos em 68% a quantidade de gordura adicionada na receita, pois aproveitamos a gordura presente na farinha de barata”, afirmou a pesquisadora.

Andressa garante que o pão de barata não tem cheiro nem gosto alterados em comparação com o pão feito com farinha tradicional. “Fizemos análise sensorial, de textura, de odor, cor e sabor. Não houve alteração significativa. Talvez a pessoa que comer perceba um leve toque com gosto de oleaginosas, de amendoim”, afirmou a engenheira.

O médico nutrólogo Ênio Cardillo Vieira, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um incentivador do consumo de insetos por humanos. De acordo ele, existem muitos insetos que podem ser industrializados para consumo humano, sendo que os principais comestíveis são grilo, vespa, formiga, borboletas, bicho da seda, gafanhoto, aranha, escorpião e algumas espécies de barata.

“O nosso problema de aceitação dos insetos é uma questão cultural, mas, muitas vezes, os insetos são transformados em pó e nem percebemos o que eram antes”, diz ele, acrescentando que os insetos também são ecologicamente corretos e causam menos impactos ambientais.

“São necessários 250 metros quadrados de terra para produzirmos 1 kg de carne de boi, enquanto precisamos de apenas 30 metros quadrados para produzirmos 1 kg de insetos. O mesmo vale para a água: precisamos usar 20 mil litros de água na produção de 1 kg de carne bovina, contra mil litros para 1 kg de insetos”, afirma o professor.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Ciência

A Nova Zelândia passou a multar os turistas considerados suspeitos que se negarem a desbloquear o celular na alfândega
O crescimento das intenções de voto em Bolsonaro pelo eleitorado feminino é maior nas Regiões Sul e Sudeste
https://www.osul.com.br/pesquisadoras-brasileiras-desenvolvem-pao-feito-com-farinha-de-barata-que-tem-mais-proteina-que-a-carne-bovina/ Pesquisadoras brasileiras desenvolvem pão feito com farinha de barata, que tem mais proteína que a carne bovina 2018-10-04
Deixe seu comentário
Pode te interessar