Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2017
A duas semanas de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciar uma caravana no Rio, o PT recebeu uma pesquisa em que ele aparece empatado com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) na disputa pelos votos do Estado na corrida presidencial. Com os números em mãos, lideranças petistas passaram a sugerir que o ex-presidente polarize com Bolsonaro no giro fluminense, ignorando outros potenciais adversários. Lula resiste. Acha que poderia atrair ainda mais atenção para o rival.
Para convencer Lula, aliados dizem que só ele seria capaz de combater o discurso de criminalização da política que tem sido usado fartamente por Bolsonaro. Se não partir para o enfrentamento ideológico, afirmam, o PT deixará uma porta aberta para a direita mais radical.
Os números
A pesquisa usada para justificar uma ofensiva mostra Lula com 23% das intenções de voto para presidente no Estado do Rio e Bolsonaro com 21%. Marina Silva (Rede) tem 7%, Ciro Gomes (PDT), 4%, e Geraldo Alckmin (PSDB), 3%.
Discurso de Lula
Ao participar do 14º Congresso do PCdoB, em Brasília, no último domingo, Lula exaltou a candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila à campanha eleitoral presidencial em 2018. O petista disse que é direito da sigla querer lançar um candidato próprio e pediu união entre as legendas de esquerda, afirmando que se precisar eles irão “juntos para a rua”. “Além disso, se não fosse a minha teimosia e a do PT, a gente nunca teria chegado à Presidência da República”, destacou, fazendo questão de ressaltar que isto “não deixa rusgas” na relação do PT com o PCdoB. Esta é a primeira vez, desde 1989, que as legendas podem disputar a presidência separadas. “Qualquer partido de esquerda pode lançar candidatura para a eleição, mas é preciso ir junto para a rua”, destacou.
“Manuela, mesmo quando a gente faz uma campanha que a gente não ganha, se a gente fizer uma campanha ideologicamente bem-feita, bem organizada, e a militância for para a rua, quero dizer que vale a pena ser candidato. Da minha parte, a única coisa que vão estranhar daqui para frente é um belo dia eu aparecer em algum dos comícios da Manuela”, disse.
Ele considerou legítimo que outros partidos também lancem candidatos, inclusive um de seus principais adversários, o deputado Jair Bolsonaro. “Não podem dizer que Lula é de extrema esquerda, que [Jair] Bolsonaro é de extrema direita, e que é preciso achar o caminho do meio. Quem convive com Bolsonaro sabe quem ele é, que é mais do que extrema direita, mas ele também tem direito de ser candidato.”