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Mundo Polêmico teste genético gera temores de abortos de meninas no Reino Unido

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A ideia de saber o quão próximo você está de morrer pode ser assustadora, mas os pesquisadores defendem a sua aplicação clínica. (Foto: Reprodução de internet)

Um teste pré-natal usado em todo o mundo para identificar condições genéticas como síndrome de Down – mas que também pode revelar aos pais o sexo do bebê – está sendo apontado, no Reino Unido, como um possível estímulo para que algumas mulheres grávidas de meninas decidam abortar a criança.

Relatos apontam que descobrir antes se a gravidez é de menino ou menina pode estar impulsionando uma espécie de “seleção” de filhos com base no sexo, o que gera preocupação principalmente com relação a culturas de grande presença no Reino Unido nas quais há preferência por bebês do sexo masculino e os do feminino são vistos como “fardo”.

O chamado Teste Pré-Natal Não Invasivo, ou NIPT, da sigla em inglês, é usado pelo serviço público de saúde britânico, o NHS, para testar condições genéticas, mas também é possível pagar por ele em clínicas particulares para descobrir o sexo do bebê.

O sexo da criança é identificado pela presença de uma sequência específica do cromossomo Y, caso ele seja menino, e pela ausência desse cromossomo, se for menina.

“Há uma pequena quantidade do DNA do bebê no sangue da mãe e esse teste procura a presença de sequências de DNA do cromossomo Y na amostra de sangue (da mulher). Se o material desse cromossomo for detectado, o feto é do sexo masculino”, explica o órgão em um texto publicado em seu site.

Uma investigação do programa Victoria Derbyshire, da BBC, encontrou, em fóruns na internet, milhares de mulheres britânicas discutindo o uso do teste para descobrir o sexo do filho e a preocupação de algumas delas com a possibilidade de darem à luz uma menina.

Naz Shah, parlamentar do Partido Trabalhista (oposição), observa que, culturalmente, em algumas comunidades – como as do sul da Ásia -, há preferência por meninos e isso coloca uma forte pressão sobre as mulheres, “forçando-as a adotar métodos como o NIPT para corresponder às expectativas dos membros da família”.

Em meio a temores de que esse método possa levar ao aborto de bebês do sexo feminino, o partido está pedindo a proibição desse tipo de teste. Shah avaliou como “moralmente errado” as pessoas interromperem a gravidez com base no resultado do teste.

O exame

O NIPT consiste em retirar uma amostra do DNA da mulher para procurar o DNA do bebê que circula no sangue dela e, assim, avaliar o risco de ele ser portador de possíveis condições genéticas, como a síndrome de Down.

O teste também pode ser usado para identificar o sexo da criança – uma informação que os médicos do NHS não compartilham com os pais, mas que clínicas particulares compartilham.

Essas clínicas oferecem o teste por cerca de 150 a 200 libras (entre R$ 817 e R$ 1.090). Algumas delas exigem apenas que o cliente envie uma gota de sangue pelo correio e, uma vez realizado o exame, mandam os resultados de volta em poucos dias.

“As análises do NIPT devem ser usadas para a finalidade pretendida, que é detectar condições graves”, diz Shah. “O governo precisa investigar essa prática abusiva e impor as restrições adequadas.”/

‘Pânico ao saber que seria menina’

Zara (nome fictício), moradora dos arredores de Londres e seguidora da religião Sikh (que engloba ideias do islã e do hinduísmo), se viu “em pânico” ao descobrir que estava grávida de uma menina.

“(Ao saber o sexo) eu tomei imediatamente a decisão de não ter esse bebê”, disse ela à BBC. “Nós éramos uma família de cinco garotas e toda vez que minha mãe tinha outra filha, todos vinham à nossa casa como que para lamentar. Para eles, (ter uma menina) é como um fardo.”

Zara descobriu o sexo do bebê aos cinco meses de gravidez e optou por fazer um aborto cirúrgico.

Hoje, ela se arrepende da decisão.

“Você vê amigos e familiares que têm filhas e eles têm um relacionamento muito bonito. E eu sou filha de alguém e irmã de alguém”, disse ela, afirmando acreditar que “o aborto realizado em razão do sexo do bebê é uma prática ‘muito comum'”.

Rani Bilkhu, fundadora da Jeena International – organização britânica que se apresenta com o objetivo de empoderar mulheres, jovens e comunidades predominantemente negras, de minorias étnicas e de refugiados da Ásia – quer que o aborto seletivo por sexo da criança seja visto como uma forma de violência baseada na honra.

‘Só se for menino’

Os fóruns online em que mulheres britânicas discutiam o uso do NIPT incluem milhares de postagens em que demonstram apreensão sobre ter uma menina.

Uma delas disse: “Eu preciso de um filho para me curar… minha única aposta é o NIPT, só (vou ter) se for um menino”.

A BBC também encontrou em uma área de Slough, no sul da Inglaterra, clínicas femininas promovendo esse tipo de teste em anúncios na beira da estrada.

“Este cartaz está dizendo à comunidade: ‘Venha aqui, venha até nós que lhe diremos se você vai ter menino ou uma menina'”, diz Bilkhu.

Tan Dhesi, deputado de Slough e também membro do Partido Trabalhista, disse que a divulgação de testes que oferecem a identificação do sexo do bebê deve ser proibida.

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https://www.osul.com.br/polemico-teste-genetico-gera-temores-de-abortos-de-meninas-no-reino-unido/ Polêmico teste genético gera temores de abortos de meninas no Reino Unido 2018-09-22
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