Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2017
A PF (Polícia Federal) apreendeu no apartamento de ex-deputado Cândido Vaccarezza, em São Paulo, R$ 122 mil em dinheiro vivo, além de relógios das marcas Rolex, Bvlgari e Cartier e nove quadros que ainda serão avaliados. Também foram apreendidos três HDs externos, computadores e agendas. Os quadros não foram levados pelos policiais. O ex-deputado ficará como fiel depositário deles.
Vaccarezza foi líder dos governos Dilma e Lula na Câmara dos Deputados e foi preso na manhã dessa sexta-feira em nova fase da Operação Lava-Jato. Ele é acusado de receber propina em troca de contratos na Petrobras. O mandado é de prisão temporária, quando há prazo de cinco dias para que ele seja solto, prorrogáveis por igual período. O ex-deputado foi levado para a superintendência da PF em Curitiba, no Paraná.
Conforme Filipe Hille Pace, delegado da PF, “chamou a atenção a quantidade de dinheiro” que o ex-deputado mantinha guardada em casa, sem que o dono da casa soubesse explicar a origem do dinheiro. “Não identificamos o porquê do dinheiro [em casa], se ele tem razão em corrupção, mas não podemos descartar que seja possível”, disse o delegado.
Investigação
A Operação Abate, um desdobramento da Lava-Jato, investiga contratação do fornecimento de asfalto pela empresa estrangeira Sargeant Marine à estatal petrolífera, mediante o pagamento de propinas a funcionários públicos e agentes políticos.
Um grupo apadrinhado por Vaccarezza teria usado a influência do ex-deputado para obter contratos da estatal com a empresa estrangeira. Recursos teriam sido direcionados para pagamentos indevidos a executivos da estatal e agentes públicos e políticos além do próprio ex-parlamentar.
Os indícios contra o ex-deputado foram colhidos a partir da delação do ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. E apontam que Vaccarezza, líder do PT na Câmara dos Deputados entre janeiro de 2010 e março de 2012, “utilizou a influência decorrente do cargo”, segundo o MPF, em favor da contratação da empresa Sargeant Marine pela Petrobras, o que culminou na celebração de 12 contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente 180 milhões de dólares. Ela teria sido contratada sem licitação para fornecer asfalto para a empresa brasileira.
A defesa de Vaccarezza negou que ele tenha intermediado as negociações. Em nota, o advogado Ferreira Pinto afirmou que a prisão “foi decretada com base em delações contraditórias” e que pretende recorrer do caso. Ele também alega que a busca e apreensão realizada no apartamento do ex-parlamentar esta manhã “excedeu os limites da decisão judicial” ao confiscar valores declarados no imposto de renda.