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Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2017
A PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) deflagraram, nesta quarta-feira (08), uma operação contra fraudes em concursos públicos e processos seletivos para ingresso no ensino superior por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Ceará, na Paraíba e no Piauí. As fraudes teriam ocorrido nos anos de 2016 e 2017.
A ação, batizada de Adinamia, tem “o objetivo de desarticular organização criminosa que vem atuando, de forma contumaz, no esquema”, segundo a PF. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, 11 de condução coercitiva e 21 de busca e apreensão.
De acordo com a PF, em alguns casos, havia violação de lacres para acesso às provas do Enem e concursos antes do dia da aplicação das provas. Também há indícios de utilização de “candidato piloto” e de ponto eletrônico, usados para passar gabaritos. Esse candidato é alguém que faz a prova e deixa a sala de aplicação do exame antes do fim para passar respostas a alunos envolvidos no crime.
O curso de medicina é o principal alvo das fraudes e também o mais caro. Pagava-se cerca de R$ 90 mil por vaga nesse curso, segundo a PF. Metade do valor era pago antes do exame e metade depois de garantida a vaga. “Esse tipo de fraude tem uma repercussão social de longo alcance, para além da questão criminal, por frustrar o esforço de candidatos honestos que estudam e buscam legitimamente o acesso aos cursos de nível superior e cargos públicos”, afirmou a Polícia Federal.
Cerca de 90 agentes participaram da operação deflagrada na manhã desta quarta-feira. O delito de fraudes a processo seletivo e concursos públicos prevê pena de prisão de até quatro anos.
Outra operação
Essa é a segunda ação que investiga esquemas ligados a concursos públicos e ao Enem em menos de duas semanas no País. Na semana passada, as polícias Civis de Goiás e do Distrito Federal deflagraram uma ação contra um grupo suspeito de ter praticado fraudes em vestibulares de medicina e em diversos concursos públicos pelo Brasil, inclusive o Exame Nacional do Ensino Médio de 2016.
Os esquemas fraudavam provas por meio de atuação externa, com a utilização de pontos eletrônicos ou de telefones celulares. Eles também envolviam funcionários de bancas examinadoras para a troca de folha de respostas de candidatos que pagaram pelo esquema criminoso, segundo os investigadores.
No caso das fraudes em concursos públicos, o valor cobrado dependia do tipo de vaga, segundo a polícia. Era cobrado um sinal, no valor de R$ 10 mil a R$ 20 mil. Após o candidato conseguir assumir o cargo de maneira fraudulenta, ele fazia empréstimo consignado para pagar o restante do valor aos criminosos, que era, em média, até 20 vezes o salário do cargo.