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Por Redação O Sul | 3 de julho de 2015
Dois policiais federais ouvidos nessa quinta-feira pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras disseram em seus depoimentos que a escuta instalada na cela do doleiro Alberto Youssef estava ativa e foi feita sem autorização judicial, contradizendo conclusão da sindicância realizada pela PF (Polícia Federal).
Na sindicância finalizada em setembro do ano passado, a PF havia concluído que a escuta estava inativa. Outra investigação, porém, já está sendo feita sobre o caso.
A escuta foi encontrada por Youssef em abril do ano passado, pouco menos de um mês depois de o doleiro ter sido preso na Operação Lava-Jato e bem antes de ele firmar um acordo de delação premiada. Seu advogado pediu uma investigação, mas a conclusão foi pela inatividade do grampo.
Os depoimentos à CPI, porém, contradizem esta conclusão. Foram ouvidos em uma sessão reservada o agente da Polícia Federal Dalmey Fernando Werlang, que atuou em Curitiba, no Paraná, – onde corre a investigação da Lava-Jato –, e o delegado José Alberto de Freitas Legas, que foi diretor de inteligência da PF na cidade de Brasília.
De acordo com relatos dos parlamentares que acompanharam a sessão, Werlang admitiu ter instalado a escuta pouco antes de Youssef ter sido levado à cela, e disse também ter agido em cumprimento das ordens de seus superiores na superintendência da PF em Curitiba.
O agente afirmou ainda não ter perguntado aos seus superiores se tinham autorização judicial, tendo apenas cumprido ordens, justificando que esse é o procedimento de praxe.
Já Legas disse que foram gravadas conversas enquanto o doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa estavam presos na mesma cela da Superintendência da PF em Curitiba. Com isso, segundo Legas, as informações obtidas nos diálogos eram utilizadas
para interrogá-los.
Werlang enfatizou ainda que a escuta ficou ativa por aproximadamente dez dias, pois quando foi encontrada por Youssef, o equipamento se danificou.
Os dois policiais disseram que era falso um dos argumentos da sindicância da PF, de que a escuta havia sido instalada anteriormente na cela para gravar conversas do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Isso porque, conforme os relatos dos parlamentares, esse equipamento de escuta encontrado na cela somente foi enviado à PF de Curitiba depois que o traficante não estava mais lá.
Presidente da CPI
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), declarou que a suspeita de ilegalidade na instalação da escuta é algo muito grave e que os seus responsáveis deverão ser devidamente punidos. Parlamentares defenderam a convocação dos demais policiais federais citados no envolvimento no caso, mas afirmaram que a escuta ilegal não deverá ser um pretexto para deslegitimar o andamento das investigações da Operação Lava-Jato.
Procurada, a Polícia Federal informou que já abriu procedimento com o intuito de apurar o caso. (Folhapress)