Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 28 de março de 2019
Na quarta-feira (27), a Venezuela continuou paralisada devido ao segundo apagão em menos de um mês, fazendo com que os venezuelanos buscassem lenha para cozinhar.
O ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, disse que uma nova falha no sistema elétrico ocorreu pela manhã, voltando a interromper o fornecimento em partes de Caracas e em outras regiões.
Em Valencia, terceira maior cidade do país, moradores começaram a cortar lenha para cozinhar antes que a comida estrague.
“Estou procurando lenha porque não há gás neste país produtor de petróleo”, afirmou o advogado Morris de Castro. “É impossível viver uma vida normal, estamos andando para trás.”
O regime de Nicolás Maduro decretou mais um dia de suspensão de atividades “trabalhistas e educativas” devido ao apagão —escolas e empresas permaneceram fechadas nesta quinta-feira.
No estado de Táchira, mais de 100 mil litros de leite estragaram após passarem 40 horas sem refrigeração, segundo a associação rural estadual.
O líder da oposição Juan Guaidó convocou para sábado (30) um protesto nacional contra o apagão. “Não é hora de se acostumar com isso, é hora de exigir nossos direitos.”
Segundo relatos em redes sociais, 21 dos 23 estados estão afetados pelo apagão.
Em Caracas, o fornecimento de energia funciona de forma intermitente; o metrô está fechado.
Idade Média
Caminhar por quilômetros durante horas, fabricar lamparinas com óleo, salgar a carne, ou recolher água de bicas e fontes: os venezuelanos sobrevivem ao apagão com práticas “da Idade Média”.
Quando acreditavam ter superado o apagão que paralisou o país de 7 a 14 de março, o pior de sua história, “o pesadelo” está de volta: várias áreas estão sem luz, sem água, sem metrô e sem conexão de Internet, ou rede telefônica, desde a tarde de segunda-feira.
Em Caracas, para lidar com a falta de água, muitos vão até El Ávila, uma cadeia montanhosa de quase 2.800 metros de altitude que domina a capital com uma presença imponente.
Lá vão famílias inteiras com baldes, xampu, roupas, pratos e panelas sujas e sabonetes para tentar conseguir água de fontes.
Na Venezuela, em geral, não há sistema de segurança para garantir o bombeamento de água. Sem eletricidade, não há fornecimento.
Às vezes, formam-se filas, e a operação pode levar várias horas.
Outros aproveitam os canos furados pela cidade para pegar água. Mas o procedimento não termina aí. Uma vez em casa, têm que ferver, ou purificar a água.
Alguns comerciantes aumentaram os preços das garrafas de água e sacos de gelo, que chegam a custar entre 3 e 5 dólares, pouco menos que o salário mínimo na Venezuela (18.000 bolívares, 5,45 dólares).
Os que têm acesso a dólares, invadem os hotéis, que contam com geradores elétricos.
Conservar os alimentos é um desafio real, embora seja muito mais difícil encontrá-los, já que com o corte de energia a maioria das lojas está fechada.