Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2017
Por imposição do tri-avô do agora noivo príncipe Harry, o rei George V, em 1917, os netos dos filhos do soberano na linha direta masculina de sucessão ao trono não serão “sua alteza real”, nem terão o título de príncipes. Neste caso, se Harry e a atriz norte-americana Megan Markle tiverem filhos enquanto Elizabete II for rainha, as crianças serão conhecidas como Lord ou Lady.
A palavra final, cabe, no entanto, à monarca, que pode abrir uma exceção, como fez para os filhos do duque e da duquesa de Cambridge, o príncipe William e Katherine Middleton: O primogénito é referido como “sua alteza real o príncipe George de Cambridge” e a filha mais nove como “sua alteza real a princesa Charlotte de Cambridge”.
Em 1948, antes do nascimento do príncipe Carlos, também foi aberta uma exceção ao decreto do rei George V, que impedia um filho de Elizabeth de usar o título de príncipe porque a sua ascendência real provinha do lado feminino.
Racismo
O noivado entre o príncipe Harry e Meghan intensificou a discussão sobre as relações raciais no Reino Unido.
A atriz americana é filha de uma mulher negra e um homem branco. Desde que seu envolvimento com Harry veio a público, no final do ano passado, essa questão vem gerando reações que incomodaram o príncipe a ponto de ele emitir um comunicado condenando “insinuações racistas” de artigos publicados na imprensa e o “racismo escancarado” de comentários feitos na internet.
Após o anúncio do noivado e a perspectiva de Meghan se tornar a mulher do quinto na linha de sucessão do trono britânico, o debate ficou ainda mais aguerrido. Se tudo seguir conforme o planejado, a atriz será a primeira pessoa negra ou mestiça a fazer parte da família real britânica, a instituição mais tradicional do país. Juntos, eles formarão o primeiro casal inter-racial da Coroa.
Em um país em que quase 90% dos 65 milhões de habitantes se declara branca e onde estudos do governo mostram que minorias étnicas têm menos acesso a educação e saúde e sofrem com maiores taxas de desemprego e pobreza.
“Não terá qualquer impacto, porque a monarquia não tem poder de fato sobre a sociedade britânica, a não ser por seu papel simbólico”, diz à BBC Brasil o sociólogo Kehinde Andrews, professor da Universidade Birmingham City, no Reino Unido, e autor do livro Resistindo ao Racismo.
“A monarquia é um dos maiores símbolos de branquitude, colonialismo e imperialismo. Colocar um pingo de café nesta mistura não vai fazer diferença.”
Não é o que acredita a escritora e jornalista Afua Hirsh. Em um artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”, ela argumenta que o casamento real pode mudar para sempre a questão racial no Reino Unido ao “representar algo genuinamente diferente do que já ocorreu antes”.