Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 24 de dezembro de 2015
O MPF (Ministério Público Federal) estabeleceu que, em 2016, os principais objetivos da Operação Lava-Jato serão identificar mais contas no exterior usadas no esquema de corrupção na Petrobras, fechar o cerco contra empresas estrangeiras envolvidas e triplicar o número de acusações formais contra pessoas sob investigação.
Até o momento, foram repatriados 659 milhões de reais de contas no exterior, segundo o mais recente balanço da operação. Desse total, cerca de 100 milhões de reais só com o ex-gerente da estatal petroleira Pedro Barusco. O coordenador da força-tarefa, o procurador da República Deltan Dallagnol, afirmou que os valores ainda são baixos. “Podemos dizer que um número muito pequeno de contas mantidas ilegalmente no exterior por corruptos e corruptores veio ao Brasil”, disse. “Tem muita coisa por vir ainda.”
A estratégia, segundo a Procuradoria, será ampliar parcerias com órgãos internacionais de investigações. Dallagnol citou como exemplo a bem-sucedida troca de informações com o Ministério Público da Suíça, que encontrou quatro contas no exterior do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A Lava-Jato realizou 86 pedidos de cooperação internacional em 36 países. Desse total, há 77 pedidos de cooperação com 28 nações em vigor.
Essas parcerias permitem, por exemplo, o bloqueio de bens dos envolvidos no esquema de corrupção na estatal. No caso de Cunha, foram congelados 2,4 milhões de dólares na Suíça. Além de mirar contas usadas por corruptos e corruptores, o MPF decidiu aprofundar as investigações contra empresas estrangeiras que foram beneficiadas pelo esquema na Petrobras, como a holandesa SBM. “Vamos para cima das empresas estrangeiras também”, comentou Dallagnol.
Triplicar o número de acusações formais é outro objetivo da força-tarefa da Lava-Jato em 2016. Até agora, 179 pessoas foram acusadas em 36 procedimentos formais, entre outros delitos, por corrupção, crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. “Quem foi acusado até agora é menos de um terço dos personagens citados. Então, há muitas acusações criminais por vir”, ressaltou o procurador. “E ainda há várias pessoas já acusadas que voltarão a sofrer novas acusações por outros crimes.” (AE)