Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2017
A prisão do empresário Wesley Batista, sócio e CEO da JBS, voltou a paralisar o mercado de bois no País. Como em meados de maio — quando a delação dos irmãos Batista veio à tona e a empresa decidiu comprar gado com pagamento em 30 dias, e não mais à vista —, os pecuaristas estão reticentes em negociar com a empresa, que abate 25% dos bovinos do País.
A JBS também suspendeu as compras de boi gordo. Segundo levantamento da Scot Consultoria, nenhuma das 36 unidades de abate da empresa estava fazendo compras. Dado o peso da JBS no mercado, muitos frigoríficos concorrentes também decidiram esperar antes de retomar o ritmo normal de compras.
Algumas praças importantes não tinham na quinta-feira sequer indicação de preços para a arroba do boi. Em Presidente Prudente e Promissão, em São Paulo, desde a prisão de Joesley, na segunda-feira, os preços a prazo da arroba já haviam caído de 150 reais para 147 reais. A retração do mercado foi agravada com a prisão do Wesley. Seu irmão, Joesley, teve prisão preventiva decretada na quinta passada.
Diante do revés dos irmãos Batista, bancos de investimento começaram a se mover em busca de interessados na compra de ativos da JBS.
Prisão de Wesley
Durante a audiência de custódia realizada na última quarta-feira na Justiça Federal de São Paulo, o empresário Wesley Batista, sócio do grupo JBS, afirmou que seu crime foi ter assinado um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República. Preso preventivamente pela manhã, ele e o irmão, Joesley Batista, são acusados de terem se beneficiado da colaboração para obterem lucros no mercado financeiro.
Os irmãos Batista são investigados pela Polícia Federal e pela Comissão de Valores Mobiliários desde junho deste ano por terem evitado o prejuízo da companhia com a compra e venda de ações da JBS poucos dias antes do conteúdo das delações vir a público. A dupla também teria lucrado com a compra de dólares, prevendo aumento na taxa de câmbio assim que o acordo de colaboração fosse revelado.
Após passar a manhã preso na Superintendência da PF, Wesley teve de se apresentar ao juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, onde participou da audiência. Ele negou irregularidades nas transações da empresa e se mostrou “em pânico” diante da situação.
“Me vi em pânico. Como vamos fazer? Temos uma responsabilidade, um grupo econômico. Não é pelo lado patrimonial. O grupo representa para nós um filho. Você entra na frente de uma pessoa que vai atirar em um filho”, disse.