Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2016
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A 12 de janeiro de 1966, Flávio Tavares publicou em sua coluna do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro:
“Em 1946, em plena Assembleia Constituinte, ao criticar a continuidade da presença de políticos do Sul no governo, Otávio Mangabeira teve um arroubo verbal e gritou estridente ao microfone: “Chega de gaúchos.” O deputado Flores da Cunha, seu companheiro da União Democrática Nacional, saltou da poltrona e, de charuto entre os dentes e dedo em riste, protestou pela frase e pediu explicações. A confusão só não foi adiante, porque os parlamentares do ‘corpo da paz’, colocando-se entre os dois, detiveram o choque imediato.”
Mangabeira era baiano e não se conformava com seis gaúchos no ministério do presidente Castelo Branco: Costa e Silva, Cordeiro de Farias, Golberi do Couto e Silva, Daniel Faraco, Peracchi Barcelos e Mem de Sá. Além de Ernesto Geisel, chefe do Gabinete Militar da Presidência da República; Adroaldo Mesquita da Costa, consultor-geral da República e Daniel Krieger, líder do governo no Senado.
A insatisfação começou bem antes: em 1930, mesmo tendo perdido a eleição, Getúlio Vargas chegou à Presidência da República, alijando o paulista Júlio Prestes. Dos 10 ministérios, no começo do governo, quatro eram gaúchos: Osvaldo Aranha (Justiça), Assis Brasil (Agricultura); Lindolfo Collor (Trabalho) e Salgado Filho (Aeronáutica).
Em 1932, São Paulo liderou a revolução contra o poder central, exigindo nova Constituição. Morreram mais de 4 mil combatentes e os paulistas saíram derrotados. Não é de estranhar que Getúlio Vargas não apareça como nome de avenida, rua, travessa, praça ou parque em São Paulo.
Em 1955, João Goulart elegeu-se vice-presidente da República. Como as chapas eram separadas, Goulart obteve 44,2 por cento do total de votos no País e Juscelino não passou de 35,6 por cento.
Em 1960, Goulart reelegeu-se vice-presidente.
A histórica defesa das fronteiras, a influência da cultura europeia, a qualidade da formação intelectual, o interesse pela Política e o profundo sentimento de brasilidade são alguns dos motivos que diferenciam os gaúchos.
Mangabeira não foi único a reagir ao longo de décadas.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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