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Brasil Quadro de tuberculose piora em favelas do Rio de Janeiro

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A doença se alastra nas adensadas comunidades. (Foto: Marcelo Horn/GERJ/Fotos Públicas)

A tuberculose — que teve seu auge na Europa, nos séculos XVIII e XIX — é um drama que ainda atinge, todos os anos, mais de 10 mil pessoas no Estado do Rio. Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de incidência da doença, no ano passado, chegou a 63,82 casos por 100 mil habitantes no estado. É a segunda maior do País, atrás apenas do Amazonas (68,2).

Na capital fluminense, ao contrário do que poderia se imaginar, o desenvolvimento não reduziu os números. Dados obtidos junto à SMS (Secretaria Municipal de Saúde) pela Frente Parlamentar em Apoio ao Combate da Tuberculose da Câmara dos Vereadores indicam que foram 99 casos por 100 mil moradores da cidade em 2016. E a situação piorou. Em 2014, por exemplo, foram 90 registros por 100 mil moradores. A média nacional é de 33,7 por 100 mil.

“É uma doença social. O Rio é uma área endêmica da tuberculose, que se agrava nas comunidades devido às péssimas condições de moradia e de alimentação das pessoas”, afirma Marcelo Soares Costa, enfermeiro do Consultório na Rua da Clínica da Família Victor Valla, em Manguinhos.

É a equipe dele a responsável pelo atendimento aos moradores de rua da região de Manguinhos e de toda a Área de Planejamento 3.1 — uma das dez da cidade —, que inclui a Maré e suas cracolândias, e que tem o menor percentual de cura e o maior índice de abandono do tratamento da doença no Rio. Um esforço para minimizar as consequências do abandono do tratamento, gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e que deve durar, no mínimo, seis meses.

Principalmente nas adensadas favelas cariocas, assim como nos presídios e entre a população de rua, a doença se alastra. Em duas das comunidades mais conflagradas e abandonadas pelo poder público, as taxas são mais do que o triplo das de outras regiões da cidade. Em Manguinhos, por exemplo, chega a 337,4 por 100 mil habitantes. E na vizinha Jacarezinho, que tem população de 39.041 moradores e registrou 130 casos em 2016, a proporção também é assustadora: 332,9 casos por 100 mil. Um quadro que faz a região ser uma das que mais preocupam a Secretaria municipal de Saúde, já que os números de incidência de tuberculose superam os de países africanos, como Congo (324) e Serra Leoa (307).

As duas favelas deixaram para trás a Rocinha, antes conhecida como o maior foco de tuberculose do País, com 455 casos por 100 mil moradores em 2001 e taxas que se mantiveram acima dos 300 casos por 100 mil até recentemente. A favela de São Conrado, que atravessa uma turbulência em segurança, assiste à doença recuar. Um resultado que pode ser atribuído não só ao trabalho das equipes de saúde, mas também a obras como as do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que abriram ruas e ergueram prédios onde antes havia o “beco da tuberculose”, uma alusão ao fato de que a doença cresce em ambientes lúgubres e confinados. Hoje, indicam os números da Frente Parlamentar, são 179 doentes por 100 mil habitantes.

Apesar disso, a Rocinha ainda faz parte de um cenário que está longe de ser o ideal. Assim como Manguinhos, Jacarezinho, Rio das Pedras, Cidade de Deus e as favelas dos complexos da Maré e do Alemão, centenas de casas precárias, amontoadas e sem ventilação, que mal recebem a luz do sol, continuam a oferecer risco, principalmente se considerado que, nesses lugares, o saneamento é quase inexistente. O caso é tão grave que, na Rocinha, a prefeitura prometeu abrir janelas ou basculantes em pelo 700 casas.

Dentro de uma mesma área, os números dançam de acordo com a intensidade do drama social. Enquanto as equipes dos atendimentos em domicílio na região de Manguinhos têm, em média, cinco pacientes em tratamento de tuberculose, a de Marcelo Costa, que atende moradores de rua, cuida de 29. O enfermeiro lembra que a população sem-teto tem até 67 vezes mais chances de contrair a enfermidade. São doentes difíceis de serem acompanhados, e alguns somem. A violência também dificulta que os agentes visitem pacientes em dias de operações policiais ou quando há confrontos.

Com tanta dificuldade, a letalidade é alta. O Rio é o Estado do País que tem o maior coeficiente de mortes pela doença: foram cinco por grupo de 100 mil habitantes em 2016. E o município do Rio, segundo o Ministério da Saúde, é a segunda capital do Brasil com maior taxa de óbitos: 6,2 por 100 mil habitantes ano passado, atrás apenas de Recife, em Pernambuco (7,7/100 mil).

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https://www.osul.com.br/quadro-de-tuberculose-piora-em-favelas-do-rio-de-janeiro/ Quadro de tuberculose piora em favelas do Rio de Janeiro 2017-10-15
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