Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2017
Aos olhos de Emílio e Marcelo Odebrecht, a empreiteira da família se envolveu em quatro empreendimentos que não teriam ido adiante se não houvesse tráfico de influência ou se o objetivo não fosse o de alimentar o esquema de corrupção no governo petista, revelam as delações. Juntos, esses investimentos – Sete Brasil, Belo Monte, Arena Itaquera e Porto de Mariel, em Cuba – somam quase 120 bilhões de reais.Os dois últimos já estão de pé e em funcionamento. Belo Monte deve ser inaugurada em 2019, com quatro anos de atraso. Já o futuro da Sete Brasil é incerto. Criada em 2010 para gerenciar a construção de 28 sondas para o pré-sal e entregá-las à Petrobras, a empresa enfrenta graves dificuldades financeiras. Das 28 sondas, estimadas em 27 bilhões de dólares ou 85,6 bilhões de reais, apenas cinco estão em construção. A conclusão depende do plano de recuperação judicial, que será votado em assembleia de credores nesta semana.
Fontes do setor avaliam que, no caso da Sete Brasil, são fortes os indícios de que a criação da companhia visava a irrigar o sistema de propina da Petrobras. Em outubro de 2009, a Petrobras chegou a enviar cartas-convite a estaleiros para que participassem da licitação das duas primeiras sondas. Pouco tempo depois, o leilão foi cancelado, e a Sete foi criada para intermediar as encomendas.
A Enseada Paraguaçu (BA), que pertence à Enseada Indústria Naval, empresa da qual a Odebrecht é sócia, foi erguida para atender a Sete. Hoje em recuperação extrajudicial, a Enseada também tem como sócios a OAS e a UTC, ambas investigadas pela Lava-Jato, e a japonesa Kawasaki. De acordo com fontes, a Odebrecht não tinha interesse na construção das sondas, tamanha sua complexidade, mas queria operá-las. Por isso, acabou aderindo à sociedade da Enseada.