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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2017
Como principais acionistas da JBS fora do grupo FB Participações, a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acumulam perdas bilionárias em meio à queda dos papéis da empresa na bolsa. Segundo a Economatica, as perdas das duas instituições somam 3,4 bilhões de reais. Do montante total, 2,8 bilhões de reais são referentes à perda do BNDES, e 647 milhões de reais da Caixa. Os dois bancos somam 26,24% na participação percentual na JBS, sendo 21,32% do BNDES e 4,92% da Caixa, ainda de acordo com dados da Economatica.
Com duas grandes crises no ano – operação Carne Fraca e crise política desencadeada pelas delações dos executivos da empresa –, a JBS tem visto suas ações se desvalorizarem na bolsa, e acumula perdas de R$ 14,7 bilhões em valor de mercado desde o início da operação da Polícia Federal, em março. O cálculo foi feito com base em dados da Economatica.
A queda dos papéis da JBS reflete uma série de notícias envolvendo a empresa, como o impasse entre as negociações do acordo de leniência. O impasse teve início na última quarta-feira (17), repercutindo a notícia publicada no jornal O Globo de que o dono da empresa JBS gravou o presidente da república, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Além disso, as delações dos executivos da empresa incluíam uma série de irregularidades.
A empresa recusou na sexta-feira a proposta do Ministério Público que previa uma multa de R$ 11 bilhões. As negociações para fechar o acordo foram retomadas nesta semana e o valor da multa ainda é incerto, o que preocupa o mercado, segundo a Reuters.
Um analista do mercado financeiro disse à agência que o cenário também dificulta a realização de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da subsidiária JBS Foods International nos Estados Unidos, o que pressiona para baixo o valor do papel da empresa. Na quinta-feira, a empresa reiterou que trabalhos para o IPO prosseguiam. A Comissão de Valores Mobiliários já abriu sete processos administrativos contra a empresa para investigar supostas irregularidades como o uso de informações privilegiadas em negociações de dólar futuro e ações, entre outras acusações. (Karina Trevizan/AG)