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Por Redação O Sul | 10 de junho de 2017
Depois de cinco dias de julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral, coube ao presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, o voto de minerva que absolveu o presidente da República e sua antecessora de irregularidades na campanha de 2014.
O voto desempatou o placar de 3 a 3 no TSE e veio após um julgamento repleto de trocas de farpas entre Mendes e o relator do processo, Herman Benjamin.
Os ministros debateram intensamente sobre a inclusão ou não de depoimentos de ex-executivos da Odebrecht – que agravavam as acusações contra Dilma e Temer – no processo movido pelo PSDB contra a chapa presidencial. Benjamin defendeu a inclusão, mas foi chamado de “falacioso” por Mendes – cujo argumento contrário prevaleceu.
Em seu voto, na noite de sexta-feira, Mendes afirmou que “cassações de mandato devem ocorrer em situações inequívocas”.
“Não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira. Porque se prefere pagar o preço de um governo ruim e mal escolhido do que a instabilidade ou golpes na calada da noite. ‘Ah, mas o povo quer!’ Mas é assim que se destrói mandato?”, questionou.
Nomeado por Fernando Henrique Cardoso em 2002 e um dos mais antigos ministros do Supremo Tribunal Federal, Mendes é também um jurista de currículo respeitado: tem mestrado e doutorado na Alemanha, mais de 20 livros publicados e uma carreira que inclui períodos como procurador da República, nos anos 1980, e advogado-geral da União no governo FHC, de 2000 a 2002.
É, também, um dos ministros mais polêmicos, tomando posições que ora agradam ora incomodam diferentes grupos ideológicos.
Uma das controvérsias mais recentes diz respeito justamente à notória proximidade de Mendes com Michel Temer, o que gerou discussões a respeito de um possível conflito de interesses no julgamento do TSE.