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Brasil Quem vai e quem quer ficar: o que dizem os médicos cubanos sobre a saída do programa Mais Médicos

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Partida de médicos cubanos movimentou aeroporto de Brasília. (Foto: Karina Zambrana/ASCOM/MS)

Parte dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos já se despediu das equipes e dos pacientes e já viaja para Cuba desde quinta-feira (22). Outra parte ficará no Brasil e tentará continuar trabalhando, seja validando o diploma com o exame Revalida ou participando de novo edital do Mais Médicos, voltado para estrangeiros e que deve ser lançado na semana que vem. Saiba o que dizem os médicos cubanos sobre a saída do programa.

Dos 8,3 mil cubanos que atuam no Brasil, cerca de 1,4 mil são casados com brasileiros. Isso pode facilitar a obtenção de visto de permanência no País. O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que concederá asilo para aqueles que desejarem ficar.

O convênio entre Cuba e os Mais Médicos foi encerrado em 14 de novembro. Um levantamento do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde indica que pelo menos 285 cidades de 19 Estados devem ficar sem médicos dedicados à atenção básica na rede pública com a saída dos cubanos.

A Organização Pan Americana da Saúde prevê que, até 12 de dezembro, voos levem os cubanos de volta para casa. Alguns médicos manifestaram o desejo de ir embora agora e voltar ao Brasil futuramente.

Quem pretende ficar

“Todo mundo chorou, todo mundo ficou muito triste. O povo está na nossa frente, querendo ser atendido, e a gente não conseguia porque, logicamente, nós vamos seguir todas as leis [de Cuba]”, diz Yonel Cruz , médico cubano que atendia em Sorocaba (SP).

Yonel se casou com uma brasileira e deve conseguir o direito de ficar no País. Mas desde a quarta-feira está desempregado e não poderá exercer medicina, pelo menos enquanto não validar o diploma no Brasil.

Ao todo, 18 profissionais cubanos deixaram de atender em Sorocaba, e 10 UBS (Unidades Básicas de Saúde) perderam médicos.

No Acre, a cubana Alaide Sosa, que é casada com um brasileiro e vive regularmente no País, disse que não irá voltar para Cuba, mesmo sem o contrato de médica. Segundo ela, que mora no Brasil desde 2013, o foco agora é estudar para tentar o Revalida, além de investir no restaurante que abriu há pouco mais de um ano, que leva o nome de “Sabor Cubano”.

No restaurante, Alaide emprega outros quatro cubanos, que apostaram no Brasil também para melhorar de vida. A partir de agora, além do estudo, ela irá ajudar o chef na administração do estabelecimento.

Quem quer trabalhar aqui

“É uma situação muito difícil. Graças a Deus ainda temos oportunidade de irmos e voltarmos quando quisermos, mas não quero ficar desempregada. A gente vai tentar fazer o Revalida. É a única opção que vamos ter. Com os pacientes nunca tive problema, amo a população daqui e nunca fui rejeitada por ninguém que eu tenha atendido”, diz uma médica que atua em Montes Claros (MG).

A cubana, que prefere não ser identificada, se casou no Brasil, tem um filho de 2 anos e está grávida. Ela conta que foi muito bem recebida aqui e que deve sair temporariamente do País.

A médica lamentou o fim da parceria e criticou falas de políticos brasileiros que, para ela, menosprezam os serviços prestados. “Parece que estão humilhando a gente. Nós somos médicos. Não tenho medo. Consigo provar que sou médica. O que dói é falarem assim depois de tanto tempo de trabalho, de dedicação. Eu poderia ter matado gente se não fosse médica de verdade, e, no entanto, não fiz isso. Somos profissionais e não é legal que nos questionem dessa forma.”

Quem vai embora

Seis cubanos trabalhavam em Fernandópolis, que prestou uma homenagem aos profissionais nesta semana. Cinco UBSs da cidade ficaram sem médicos.

“Sabíamos que isso ia ocorrer um dia, mas não da maneira como aconteceu. […] Fiquei com o coração apertado e, ao mesmo tempo, feliz por saber que vamos estar perto dos nossos familiares antes da data certa. Se Deus quiser, teremos um novo contrato para voltarmos a Cruzeiro do Sul. Somos gratos pelo acolhimento do governo brasileiro, mas o nosso presidente é o nosso pai e nossa família está em Cuba”, diz o médico cubano Erick Casa Nova, que trabalhava em Cruzeiro do Sul (AC).

O profissional disse que ainda não foi dado um prazo o retorno à Cuba. Ele agradeceu o apoio da população de Cruzeiro do Sul e participou na quarta (21) de uma festa de despedida organizada pela Secretaria de Saúde do município. Ao todo, 12 profissionais fizeram parte do programa na cidade.

Segundo o Casa Nova, os cubanos recebiam no Brasil dez vezes mais do que no seu país. “Quando a gente sai de Cuba e vai trabalhar em qualquer país, assina um contrato de trabalho com as condições. Todos têm pleno conhecimento das condições e tem a opção de aceitar ou não. O salário de lá [Cuba] é cerca de R$ 300. Aqui recebemos em torno de R$ 3 mil. No contrato que assinei, esse era o valor que receberia aqui. O restante do dinheiro que o Brasil paga, não sei para onde vai”, afirmou.

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https://www.osul.com.br/quem-vai-e-quem-quer-ficar-o-que-dizem-os-medicos-cubanos-sobre-a-saida-do-programa-mais-medicos/ Quem vai e quem quer ficar: o que dizem os médicos cubanos sobre a saída do programa Mais Médicos 2018-11-23
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