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Mundo Refugiado iraquiano perseguido por ser gay tem o pedido de asilo negado na Holanda, que não se convenceu de sua orientação sexual

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Manifestação do "Não Gay o Bastante" na Holanda, em junho. (Foto: Reprodução)

O iraquiano Sahir, de 29 anos, decidiu fugir. A permanência em seu país natal era, descobriu, incompatível com a vida. Ele é homossexual, razão pela qual foi perseguido pelo governo e por sua família. Sahir, cujo sobrenome é mantido em sigilo, escolheu refugiar-se na Holanda. Mas as autoridades locais lhe negaram no fim de maio o direito ao asilo, e ele pode ser devolvido ao Iraque, onde crê que não sobreviverá.

A negativa holandesa foi justificada pela conclusão, após entrevista das autoridades com Sahir, de que ele não é gay. Ao menos “não gay o bastante”, segundo seu advogado. Em repúdio, foi lançada uma campanha de direitos humanos com o mote “não gay o bastante”.

O advogado de Sahir, Erik Hagernaars, diz que o problema está na burocracia holandesa. O processo de decisão para o asilo depende de um assistente social ser convencido, em um ou dois encontros, de que o refugiado é, de fato, homossexual.

Mas nem todo refugiado está pronto para falar com clareza e abertura sobre seu processo de aceitação, afirma o advogado, o que é ainda mais complicado em países rígidos como o Iraque, de uma cultura conservadora.

“Às vezes o processo é muito humilhante”, afirma. “Eu digo aos clientes que precisam falar com o assistente social sobre seu processo interior, mas eles nem sabem o que isso significa.” Hagernaars lida com esses casos há quatro anos e atendeu mais de 200 deles em 2016.

Sahir não “passou” no teste, apesar de ter um namorado, também iraquiano, com quem dorme junto à noite. Eles disseram ter relações sexuais frequentes, às vezes mais de uma por dia, o que não convenceu o governo.

Com a publicidade trazida pela imprensa nas últimas semanas, o caso de Sahir pode ser reavaliado. Ele será ouvido em até um mês, durante uma nova entrevista.

Mas o advogado diz que todo o sistema precisa mudar. “[As autoridades] esperam que as pessoas vindas de países como o Iraque e a Síria passem por um período de autoconhecimento e possam falar sobre isso”, afirma. “Eu sempre lutei contra essa ideia. Precisa haver uma base científica, com análises psicológicas.”

Em contato com refugiados gays na Holanda, a reportagem conheceu outras histórias semelhantes à de Sahir.

Um jovem que não quis se identificar teve que deixar sua casa no Egito depois de receber ameaças, vindas inclusive de seus pais. “O governo não acredita que ele é gay, o que é bastante estressante”, diz um amigo. “Como alguém prova algo assim?”

O ativista Sandro Kortekaas faz campanha justamente para facilitar o processo de prova. O governo não aceita hoje evidências como fotografias nas paradas do orgulho gay. Depoimentos de terceiros também não.

“O que queremos é que seja criada uma comissão, em que os refugiados sejam entrevistados por psiquiatras e membros de ONGs, para haver uma visão mais detalhada”, afirma Kortekaas.

“Todos nós passamos por um período em que tivemos que aprender sobre como falar sobre nossa sexualidade”, diz. “Mas há refugiados que vêm de países em que não podiam confiar em ninguém, e é muito difícil de repente ter que falar com as autoridades, pessoas que não conhecem.”

O processo, no entanto, nem sempre é traumático ou termina com a rejeição do asilo. O sírio Fadi Sulaiman foi aceito na Holanda em janeiro passado, após um mês de tramitação, e agora estuda holandês. Já tem uma casa e agora busca um emprego.

Sulaiman, que vivia no Qatar, descobriu em agosto que seu ex-namorado tinha o vírus HIV. Ele não podia fazer o teste em Doha porque, caso descobrisse ser soropositivo, seria deportado à Síria, onde há uma guerra civil.

O jovem viajou para Dubai, onde fez um exame clandestino e descobriu que também portava o vírus. Seria um risco voltar ao Qatar, onde poderia ser detido e expulso. Seu processo de recepção na Holanda foi rápido. “Provei rapidamente que sou sírio e soropositivo”, conta. “Supuseram que eu não estivesse mentindo sobre a terceira razão para o asilo, minha sexualidade.”

Procurada, a autoridade holandesa responsável por analisar os pedidos de asilo não respondeu aos pedidos de entrevista. (Folhapress)

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