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Mundo Relatórios confirmaram o envolvimento da chefe da agência de inteligência americana em tortura

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ONG obtém telegramas da época em que Gina Haspel comandava prisão secreta na Tailândia. (Foto: Reprodução)

No fim de novembro de 2002, agentes da CIA (agência de inteligência americana) que interrogavam um suspeito da Al Qaeda numa prisão secreta na Tailândia avisaram que ele teria de “sofrer as consequências de suas mentiras”.

Enquanto os agentes jogavam água no peito do homem, chamado Abd al Rahim al-Nashiri, ele alegou que estava tentando se lembrar de mais informações, revela um telegrama da CIA recém-divulgado pelo National Security Archive, instituição não governamental ligada à Universidade George Washington que se dedica a obter documentos oficiais secretos por meio da Lei de Liberdade de Informação americana. Enquanto al-Nashiri chorava, descreve o telegrama, “o tratamento da água foi aplicado”.

“Tratamento da água” era um jargão burocrático para a simulação de afogamento, e um total de 11 telegramas ultrassecretos recém-divulgados narram em detalhes as técnicas brutais usadas pela CIA para interrogar os supostos membros da Al Qaeda capturados. Os documentos são da época em que Gina Haspel, hoje diretora da agência, comandava a prisão secreta na Tailândia.

Diretores e oficiais da agência, na época, estavam fortemente empenhados em descobrir rapidamente o que acreditavam ser uma conspiração em larga escala contra os Estados Unidos, nos caóticos meses que se seguiram aos atentados de 11 de setembro de 2001.

Como diretora da base tailandesa, Haspel teria escrito ou autorizado os telegramas, explica Tom Blanton, diretor do National Security Archive. Nos documentos liberados, os nomes dos agentes que interrogaram os prisioneiros e as autoridades da CIA envolvidas foram censurados.

O site independente ProPublica já havia reportado anteriormente sobre outros documentos da base tailandesa. Os novos telegramas divulgados mostram como a simulação de afogamento e outras técnicas de tortura foram usadas com al-Nashiri. A CIA não respondeu aos pedidos de entrevista.

Ataque a destróier

Nashiri, um saudita acusado de ser o mentor do ataque a bomba ao destróier “USS Cole”, perto do litoral do Iêmen, em 2000, admitiu seu envolvimento no caso durante os brutais interrogatórios. Ele revelou saber de planos abortados contra navios americanos no Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, mas aparentemente, segundo os telegramas, não tinha conhecimento de novas tramas em andamento.

Os relatórios dizem que os agentes da CIA rasparam a cabeça de al-Nashiri, trancaram-no em caixas, e o jogaram contra a parede inúmeras vezes.
Embora com grandes trechos censurados, os telegramas sugerem que, como concluiu um relatório da Comissão de Inteligência do Senado, a simulação de afogamento e outras torturas aplicadas a al-Nashiri praticamente não extraíram novas informações sobre conspirações em andamento ou ataques iminentes.

Trump

Os excessos no programa de interrogatórios avançados da CIA ocorreram em grande parte porque a agência não era especializada na prática. Para criar o programa, a CIA contratou dois psicólogos militares, Bruce Jessen e James Mitchell, para elaborar as técnicas a serem usadas. Os dois se inspiraram em exercícios de treinamento para sobrevivência aplicados em soldados, que os ensinam a sobreviver à tortura quando capturados pelo inimigo.

Quando buscava conformação para sua indicação à direção da CIA no primeiro semestre deste ano, Haspel alegou que as técnicas de interrogatório obtiveram informações valiosas, mas ao mesmo tempo as rejeitou, dizendo que “não deveriam ter sido usadas”. Durante sua campanha na eleição presidencial de 2016, Donald Trump flertou com a ideia de reviver as simulações de afogamento e insistiu que “a tortura funciona”.Trump nunca denunciou as técnicas brutais utilizadas pela CIA.

Richard Kammen, que foi advogado de al-Nashiri, disse que seu cliente foi violentamente torturado pela agência. Kammen espera que a verdade venha à tona antes do julgamento do cliente. “A população vai ficar horrorizada com o nível de brutalidade empregada pela CIA”, afirmou.

A comissão militar encarregada do caso de al-Nashiri foi desfeita depois que os advogados do saudita deixaram a defesa, alegando que o governo estava monitorando suas conversas com o cliente. O governo está apelando para que retomem o caso. Al-Nashiri está agora na prisão de Guantánamo, em Cuba.

O saudita pode ser punido com a pena de morte pelas acusações de que ajudou a tramar o ataque ao “USS Cole”, que matou 17 marinheiros, e também o ataque a um navio petroleiro francês em 2002 que matou um civil búlgaro.

 

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https://www.osul.com.br/relatorios-confirmaram-o-envolvimento-da-chefe-da-agencia-de-inteligencia-americana-em-tortura/ Relatórios confirmaram o envolvimento da chefe da agência de inteligência americana em tortura 2018-08-13
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