Sábado, 20 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Relaxamento de visões dogmáticas divide igreja sob papado de Francisco

Compartilhe esta notícia:

Papa declarou que a igreja tinha de amar os homossexuais. (Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas)

O papa Francisco irá entrar o quinto ano de seu pontificado lidando com o que muitos acreditam ser a maior crise do catolicismo desde que um grupo conservador dissidente foi expulso da Igreja Católica em 1988.

O motivo não é muito diferente daquele que levou o então arcebispo francês Marcel Lefebvre a ser excomungado por criar bispos sem permissão de Roma: o embate entre visões tradicionalistas da fé e o mundo moderno.

Para usar a expressão inglesa, contudo, é preciso aplicar um grão de sal ao apreciar essa sentença simplificadora. Francisco não representa nenhuma ruptura de visões como a crítica ao controle de natalidade ou ao casamento gay, como muitos ativistas progressistas gostam de crer.

O que o argentino Jorge Mario Bergoglio vem fazendo em seu papado é estimular um relaxamento de visões dogmáticas de questões como a possibilidade de divorciados tomarem a comunhão. Opõe-se à ideia de uma igreja menor e mais coesa, defendida pelo seu antecessor, o papa emérito Bento 16.

E busca combater a burocracia do Vaticano, personificada pela Cúria Romana.

“O esforço em reformar o clero e dar poder a laicos gera resistência. Ele denuncia o clericalismo”, diz o especialista em Vaticano Thomas Reese, do Religion News Service.

Jesuíta como Francisco, o americano não esconde sua admiração pelo papa. “Sua mensagem de compaixão ressoa no mundo todo”, afirma, explicando a boa imagem que Francisco trouxe à igreja após os anos introvertidos de Bento 16 (2005-2013).

É um conflito com muitas etapas. Com poucos meses no cargo, Francisco proibiu uma ordem franciscana de rezar missas em latim, algo desencorajado após o Concílio Vaticano 2º, iniciado por João 23 em 1961 e que “abriu as janelas da igreja para o mundo”, como dizia o então pontífice -aliás, feito santo por Francisco no mesmo dia que João Paulo 2º, o conservador que antecedeu Bento 16.

Formou uma comissão de cardeais para reformar procedimentos da Cúria, prometeu escrutinar as finanças do Banco Vaticano, declarou que a igreja tinha de amar os homossexuais, rejeitou os paramentos medievais que Bento 16 usava ostensivamente e foi morar num quartinho da hospedaria Casa Santa Marta, longe do refinamento do apartamento papal.

Foi além: em 2015, falou abertamente que a Cúria sofria de “mal de Alzheimer espiritual” e era infectada por um “rio de corrupção”.

Francisco mirou adversários internos. O mais poderoso deles, o cardeal americano Raymond Burke, perdeu o controle do poderoso órgão judiciário do Vaticano em 2014. O movimento seguinte do papa, contudo, colocou o religioso na linha de frente da resistência tradicionalista.

Em 2016, após dois encontros de bispos para discutir os problemas das famílias, o papa divulgou o documento “Amoris Laetitia” (“A alegria do amor”, em latim). Burke disse neste ano que o resultado foi uma confusão reinante entre fiéis e padres.

Aderentes como Reese negam essa leitura. Dizem que o papa apenas apresentou soluções práticas ao defender que divorciados pudessem receber a comunhão, algo visto como herético pela ala tradicionalista.
Burke e outros três cardeais enviaram uma carta a Francisco elaborando cinco perguntas, a “dubia”.

Sem resposta, fizeram o texto público e incendiaram o mundo católico. De quebra, o papa interveio na tradicional Ordem de Malta, da qual o americano é patrono, só para ver inéditos panfletos questionando sua piedade espalhados perto do Vaticano.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Líder da oposição é impedido de disputar presidência na Rússia
Ídolo francês quer que o país desista de receber a Euro 2016
https://www.osul.com.br/relaxamento-de-visoes-dogmaticas-divide-igreja-sob-papado-de-francisco/ Relaxamento de visões dogmáticas divide igreja sob papado de Francisco 2017-12-25
Deixe seu comentário
Pode te interessar