Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de março de 2019
Preso na manhã desta quinta-feira (21) em São Paulo, Michel Temer (MDB) fez um governo breve e recheado de turbulências políticas causadas por escândalos de corrupção. Ele ocupou o Palácio do Planalto de 2016 até o fim de 2018, em razão do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).
O caso mais célebre foi desencadeado por uma gravação de uma conversa com o megaempresário Joesley Batista, dono da JBS/Friboi. Ficou famosa a fala “tem que manter isso, viu?”, em que o então presidente supostamente concordava com a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, que também está preso.
Delação da JBS
Em maio de 2017, o jornal O Globo publicou parte do conteúdo da delação premiada de Joesley Batista. Nela, Temer teria consentido com a compra do silêncio de Eduardo Cunha. O material também incluía imagens de Rodrigo Rocha Loures, então assessor do Palácio do Planalto, correndo com uma mala cheia de dinheiro.
O caso foi desmembrado em duas denúncias. Marcou, na prática, o fim do governo Temer. O presidente perdeu o seu capital político e não conseguiu mais tocar sua agenda de reformas – mudanças na Previdência eram discutidas já na época.
Na primeira denúncia, Temer foi acusado de corrupção passiva. Na segunda denúncia, Temer foi acusado de obstrução da Justiça e de integrar organização criminosa. Como ele era presidente do Brasil na época, as denúncias da Procuradoria-Geral da República, então comandada por Rodrigo Janot, precisavam ter a admissibilidade aceita pela Câmara dos Deputados. Ou seja, o Supremo Tribunal Federal só poderia decidir se aceitaria a denúncia caso os deputados autorizassem.
Nos dois casos, a Câmara Federal barrou os processos. As ações foram suspensas até Michel Temer deixar o poder. Depois, foram enviadas à primeira instância da Justiça.
Decreto dos portos
Nos últimos dias do governo Temer, a Procuradoria-Geral da República, já sob o comando de Raquel Dodge, apresentou mais uma denúncia contra o político. As acusações, dessa vez, eram de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
A investigação, nesse caso, era sobre o decreto dos portos. Temer teria favorecido a empresa Rodrimar. A companhia operava no porto de Santos (SP), área onde Temer tinha forte influência há muitos anos. Terminado o governo Temer, o processo também foi enviado para a primeira instância.