Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2017
declaração de guerra ao governo Michel Temer pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), tem motivo bem menos republicano do que a oposição que passou a fazer à Reforma da Previdência e às medidas impopulares de ajuste fiscal. As frases de efeito proferidas nos últimos dias escondem o que Renan busca — e não tem encontrado — no Palácio do Planalto: poder e proteção.
O senador antevê dificuldades para ele e seu filho, o governador de Alagoas, se reelegerem em 2018 em meio à Lava-Jato e ao fortalecimento de adversários. A conta apresentada ao Planalto é alta: de concreto, Renan quer a criação do Ministério dos Portos para ter acesso a financiadores de campanha e esvaziar o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa (PR-AL), que cogita disputar contra ele uma das vagas alagoanas ao Senado em 2018.
No campo das subjetividades, insiste na influência de Temer junto ao Supremo Tribunal Federal e à Polícia Federal para impedir que a Lava-Jato avance e conseguir que seus processos se arrastem no Judiciário. Os pedidos têm sido repelidos pelo Planalto por serem considerados irrealizáveis.
Político experiente e pendular — ora impassível, ora passional — quando se vê em perigo, Renan usa sempre a mesma estratégia, a de que o ataque é a melhor defesa.
Há dez anos, quando veio à tona um caso extraconjugal que mostrou que as contas da amante eram pagas por uma empresa, Renan ouviu uma frase de um assessor que nunca mais esqueceu: “Você não tem dono e tem que mostrar que ninguém te controla. Lata quando tiver que latir e morda quando tiver que morder, senão perde a moral”. Entre latidas e mordidas, Renan luta para sobreviver e para manter de pé sua dinastia.