Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2017
Diversos restaurantes ficaram fechados em grandes cidades dos Estados Unidos nesta quinta-feira (16) e outros atenderam com capacidade reduzida. Além disso, escolas cancelaram aulas por falta de alunos e funcionários graças à adesão ao “Dia sem imigrantes”.
Em Washington, uma marcha foi convocada para se dirigir até a Casa Branca ao meio-dia (18 horas, em Brasília-DF) e diversas ruas foram interditadas. Manifestantes carregavam cartazes com as frases “nenhum ser humano é ilegal” e “você come comida? Então você precisa de imigrantes”, segundo a agência Associated Press.
Segundo o Escritório do Censo, a população imigrante cresceu de maneira histórica nos últimos anos. De acordo com os últimos dados, divulgados a 2013, 13% dos habitantes do país nasceram no exterior, o equivalente a mais de 41 milhões de pessoas.
Esse número é ainda maior, informa a agência EFE, se forem incluídos os filhos de imigrantes que nasceram nos EUA, e que costumam manter vínculo com os países de seus pais, promovendo uma diversidade cultural.
A manifestação foi convocada em defesa aos direitos dos imigrantes e como forma de chamar atenção para a importância deles para a economia do país. O tratamento dispensado pelo governo Trump aos imigrantes ilegais também é motivo de críticas.
A paralisação atingiu de restaurantes renomados a pequenas lanchonetes e inclusive o serviço que fornece refeições para o Senado. Em Washington, 48% das pessoas que trabalham no ramo de alimentação são imigrantes, segundo o jornal “Washington Post”, e mesmo os locais que permaneceram abertos reduziram as opções em seus cardápios.
Ainda de acordo com o jornal, empregadores e participantes do movimento não estão fazendo distinção entre os imigrantes que estão no país legalmente ou não.
“É um protesto de ausência, não de presença. Isso pode ter mais impacto do que uma manifestação comum”, explicou o professor de Sociologia da Universidade Americana, Ernesto Castañeda, em Mount Pleasant, o bairro mais hispânico de Washington, de acordo com a EFE.
“Trouxe minha filha para que aprenda que é preciso lutar para que sejamos respeitados”, afirmou uma dominicana, que pediu para manter o anonimato, e que foi ao centro comunitário “La Casa” com sua filha.
Segundo a rádio local “WAMU”, pelo menos duas escolas bilíngues de Washington fecharam após um acordo entre pais, professores e funcionários.
Edwin Fernández e seus cinco companheiros de trabalho em uma rede de fast-food fizeram greve hoje. O dono da franquia, segundo Fernández, foi o primeiro a perguntar se os funcionários queriam fechar a loja para protestar contra Trump.
Em Massachusetts, um museu também resolveu se manifestar, retirando de exposição todas as obras de autoria de imigrantes. Segundo a CNN, os curadores do Davis Museum, na Wellesley College, decidiram colocar no lugar das peças cortinas negras e uma pequena placa com o aviso “criado por um imigrante”.
A iniciativa está sendo chamada de “Art-Less” e irá durar todo o fim de semana. Cerca de 20% de todo o acervo será afetado pela medida.