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Geral Robôs entram em ação nas salas de cirurgia do Brasil

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Por enquanto, estes robôs-cirurgiões ainda são essencialmente ferramentas. (Foto: Reprodução)

Um bom cirurgião deve ter mãos firmes, mas imagine um que não só é totalmente livre de tremores como também não hesita e faz seus cortes com precisão milimétrica. É isso que possibilitam os robôs-cirurgiões, cada vez mais usados no Brasil e no mundo nos chamados procedimentos minimamente invasivos, em que no lugar de grandes cortes as cirurgias são feitas através de pequenas incisões em que são introduzidas câmeras, bisturis e outros equipamentos, como a laparoscopia.

E se, por enquanto, estes robôs-cirurgiões ainda são essencialmente ferramentas, manipulados direta ou mesmo remotamente pelos médicos, no futuro poderão realizar as operações praticamente por conta própria e com mínima supervisão humana, usando tecnologias como inteligência artificial treinada a partir de imensos bancos de dados com vídeos e informações sobre milhares procedimentos, aposta Jacques Marescaux, professor de cirurgia e fundador e presidente do Ircad (Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica), que inaugurou esta semana no Rio seu segundo centro de treinamento no País – o outro fica no Hospital do Câncer de Barretos, interior de São Paulo – e terceiro fora da França (há mais um em Taiwan).

Segundo Marescaux, hoje os robôs-cirurgiões são parte do que se chama uma “relação mestre-escravo”, em que o médico “pilota” o equipamento e tem o controle de todas suas funcionalidades. Além de fornecerem magnificação, supressão de tremores e movimentos impossíveis para mãos humanas, como rotações de 360º, ele cita como exemplo do incremento proporcionado pelas máquinas nas habilidades dos médicos processadores que podem analisar mil sinais por segundo e, com auxílio de programas de inteligência artificial, dar mais precisão aos gestos do cirurgião.

“Ainda estamos na pré-história da cirurgia robótica”, considera. “Mas o que vislumbramos para daqui a 20 ou 30 anos é uma automação total, em que o cirurgião será apenas um supervisor. Os robôs-cirurgiões de amanhã vão usar todas as diferentes possibilidades da inteligência artificial para melhorar o que os médicos podem fazer. A inteligência artificial poderá aconselhar os cirurgiões sobre quais são as melhores estratégias antes, durante e depois das operações, evitando complicações e alertando se a cirurgia começa a fugir dos padrões normais. No futuro eles vão substituir tudo dos cirurgiões: as mãos, os olhos, o cérebro. Eles poderão pensar qual é a melhor estratégia, como evitar complicações, numa abordagem completamente diferente da robótica.”

Marescaux ressalta, porém, que, por melhores que os robôs se tornem, os cirurgiões humanos sempre terão um lugar importante no processo operatório, seja na própria decisão se o caso é para cirurgia ou não quanto no contato “cara a cara” com os pacientes no pré e no pós-operatório. Diante disso, ele também não acredita que as pessoas poderão ter problemas de confiança e não querer serem operadas por uma máquina.

“No que concerne à parte técnica da cirurgia, creio que os pacientes não vão se importar se serão operados por mãos humanas ou robóticas”, diz. “Hoje os pacientes já confiam na capacidade dos robôs em melhorar as habilidades dos cirurgiões. Nunca vi um paciente recusar ser operado com a ajuda de um robô e não acho que isso acontecerá no futuro também.”

Brasil

O Brasil tem atualmente cerca de 30 robôs-cirurgiões “em atividade” e a tendência é este número continuar a crescer, conta Armando Melani, presidente da Sobracil (Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica) e diretor científico do Ircad para a América Latina. Segundo ele, com a inauguração do centro de treinamento no Rio, profissionais de todo Brasil e até do exterior – a expectativa é de que 40% dos alunos venham de outros países da América Latina, América do Norte e até Oceania – poderão obter certificação na manipulação destas máquinas.

Melani conta que, por enquanto, o único sistema de cirurgia robótica minimamente invasiva certificado pela Administração para Alimentos e Drogas dos EUA e comercializado globalmente é fabricado pela empresa americana Intuitive Surgical. Batizados “Da Vinci”, o IRCAD Rio conta com dois destes robôs, um de segunda e outra da terceira e última geração, para os treinamentos.

Mas aprender como operar os equipamentos é apenas o primeiro passo do profissional no novo universo da cirurgia robótica, destaca Melani. Ainda de acordo com ele, depois do treinamento básico no IRCAD Rio é preciso que os médicos observem e acompanhem casos em que os equipamentos são usados nos hospitais que trabalham e depois ter experiências práticas tutoradas nos procedimentos em que pretendem usar os robôs, realizando as operações sob a supervisão de cirurgiões mais experientes. “É como tirar a carteira de motorista”, compara. (AG)

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https://www.osul.com.br/robos-entram-em-acao-nas-salas-de-cirurgia-pais/ Robôs entram em ação nas salas de cirurgia do Brasil 2017-07-10
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