Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Artes Visuais Romero Britto, queridinho da classe política, está “triste”

Compartilhe esta notícia:

Casal foi retratado pelo artista. (Foto: Reprodução)

Vivendo fora do País, o artista plástico Romero Britto afirmou estar triste. “Nunca imaginava (sic) que os retratos que eu presenteei fossem um dia ser motivo de tristeza para mim. Eu nunca quis criar obras tristes. Sempre quis criar obras alegres”, escreveu, ao ser perguntado sobre um suposto arrependimento por ter pintado algum político – especialmente os quadros que estavam na casa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB-RJ), em Mangaratiba, que foram apreendidos na Operação Calicute, um desdobramento da Lava-Jato, em novembro do ano passado.

A Polícia Federal apreendeu três obras do artista – dois retratos, um do governador e de sua mulher, Adriana Ancelmo (ambos sorridentes com um coraçãozinho pintado no rosto). O terceiro foi um clássico abstrato e multicolorido do artista. A perícia apontou que os quadros valem quase R$ 150 mil. Perto do que o Ministério Público Federal no Rio já diz ter recuperado de propinas pagas ao ex-governador, cerca de R$ 270 milhões, os “Britto” na parede de Cabral têm um valor quase simbólico.

Britto já homenageou outros políticos. O quadro da presidente cassada Dilma Rousseff, por exemplo, foi pintado em 2011 – e apresentado ao mundo em um anúncio pago pelo próprio artista nas páginas da revista dominical do ‘The New York Times’. Na imagem, o mesmo coração colorido na face. “Por ter nascido e crescido no Brasil, todos sempre imaginam o otimismo, o colorido e a alegria dos brasileiros na minha arte”, afirmou. Em 2008, Britto também presenteou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com um quadro sobre os 450 anos da cidade de São Paulo.

A pintura voltou ao noticiário em 2016, quando Britto presenteou o prefeito de São Paulo João Doria com uma obra parecida – a diferença eram os números 450 espalhados pela tela. Doria, que não criou caso com a semelhança das obras, é, entre os políticos brasileiros, aquele que parece ter mais identificação com o artista. O prefeito tem obras de Britto em sua casa (uma delas com a família inteira retratada) e em seu gabinete na Prefeitura.

Exterior

Britto não faz distinção ideológica entre os políticos homenageados. Questionado sobre o assunto, esquivou-se e escreveu “não ter entendido a pergunta” feita pela reportagem. Já quando questionado especificamente sobre Lula, o artista usa tintas mais fortes: “Como poderia admirar a situação em que a administração do presidente Lula e de seu partido deixou o Brasil…” E suaviza: “Mas tudo que se passou no Brasil não é só do partido do Lula, mas também de outros partidos”.

Na lista de políticos que ainda não entristeceram o pintor estão personalidades americanas. “O ex-senador Teddy Kennedy, por exemplo, prometeu me fazer um omelete. Fui para um café da manhã na residência de amigos e ele preparou um omelete para mim. Foi uma grande honra.” Britto também cita a família Obama e os Bush como políticos em que acredita.

Britto também falou sobre possibilidades para o Brasil. “Acho que o João Doria será a salvação para este momento tão complicado brasileiro. Acho isso por ele não ter uma história na política suja brasileira, que está quase que todos os dias nos jornais, um escândalo atrás do outro…”, escreveu. “Acho que ele poderá trazer esperança e credibilidade para o Brasil – e em particular para a economia e aos investidores nacionais e internacionais que estão com muito cuidado com tanta instabilidade. Acho que o João Doria é muito preparado para representar o Brasil.”

Moeda

Britto será homenageado pela Casa da Moeda do Brasil com o lançamento de uma medalha comemorativa. Serão 10 mil medalhas – 8 mil em bronze, 600 em prata e 1,4 mil em bronze dourado. Os preços vão variar de R$ 70 a R$ 245. A data do lançamento depende da agenda do artista e uma vinda sua ao Brasil.

Visitas rápidas e pontuais não são problema para o artista. Isso não significa que voltar a morar no País esteja em seus planos. “Já moro nos Estados Unidos há mais de 30 anos. Tenho saudade e adoro o Brasil, mas viver no Brasil como artista é difícil, especialmente pelo fato que o mercado de arte quase não existe – e em particular o de pop arte. No Brasil, poucos apoiam e valorizam as artes.”

Britto começou sua carreira vendendo quadros nas ruas do Recife. Aos 23 anos, foi tentar a sorte nos Estados Unidos. Antes de vender seu primeiro quadro, trabalhou como lavador de carros e entregador de pizza. Suas obras começaram a ser expostas em uma pequena galeria. O artista entregou U$ 300 nas mãos da namorada para que ela comprasse um quadro dele e impressionasse o dono da galeria.

A sorte mudou em 1989 quando o presidente da marca de vodca Absolut conheceu seu trabalho e montou uma campanha publicitária com as cores do artista brasileiro. A marca já tinha trabalhado com outros artistas, como Andy Warhol e Roy Lichtenstein. O mercado publicitário, então, abraçou o brasileiro.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Artes Visuais

Inflação do aluguel avança na primeira prévia de setembro
Inflação para o consumidor perde força em Porto Alegre
https://www.osul.com.br/romero-britto-queridinho-da-classe-politica-esta-triste/ Romero Britto, queridinho da classe política, está “triste” 2017-11-13
Deixe seu comentário
Pode te interessar